"Vamos buscar até o último deles e vamos reincorporá-los numa Venezuela que tem de crescer, enverdecer, recuperar-se totalmente", disse, no sábado, na cerimónia de despedida do navio-escola Simón Bolívar, que partiu para as Caraíbas numa viagem de instrução.
Durante a cerimónia, transmitida pela televisão estatal, Maduro sublinhou que graças à persistência do Governo, foram retomados os voos de repatriamento, para continuar a "resgatar e libertar migrantes dos cárceres dos Estados Unidos".
"Vamos resgatar um grupo de rapazes amanhã [hoje] e na próxima semana e na outra. E, chegará o momento em que resgataremos os nossos rapazes que estão raptados, desaparecidos, [mesmo] sem terem cometido crimes nos EUA e muito menos em El Salvador. Raptados em campos de concentração nazis em El Salvador", disse.
Maduro denunciou que têm tentado "atacar a nacionalidade venezuelana de uma forma infame, os venezuelanos que emigraram para o estrangeiro em busca de oportunidades económicas, depois das sanções criminosas que foram lançadas contra a Venezuela".
"Muitos jovens acreditaram no sonho norte-americano e foram para lá, apenas para descobrir que não era um sonho, o que revela a dura realidade enfrentada pelos nossos compatriotas que, depois de procurarem oportunidades de emprego e um futuro melhor, se veem presos num sistema que os persegue e os sujeita a torturas e desaparecimentos", disse.
Por outro lado, instou o Presidente de El Salvador, Nayib Bukele, a garantir os direitos humanos dos venezuelanos.
"Você é o responsável se acontecer alguma coisa a algum destes rapazes. É responsável pela vida de todos", frisou, dirigindo-se diretamente a Bukele.
A Venezuela anunciou sábado que chegou a acordo com os Estados Unidos retomar os voos de repatriamento de migrantes a partir de hoje, depois de ter denunciado um bloqueio do Departamento de Estado norte-americano às operações de deportação.
"A Venezuela informa que, no âmbito do Plano Vuelta a la Patria ['Volta à Pátria'], e com o propósito do regresso dos nossos compatriotas à sua nação com a proteção dos seus direitos humanos, concordamos em retomar com o Governo dos EUA o repatriamento dos migrantes venezuelanos", disse o representante venezuelano nas negociações com Washington, Jorge Rodríguez, num comunicado publicado na rede social Instagram.
O primeiro voo está marcado para hoje e acontecerá depois de Washington ter enviado para El Salvador mais de 200 migrantes venezuelanos, detidos pelas alegadas ligações com a organização criminosa Tren de Aragua.
Um grupo de 311 migrantes venezuelanos regressou na quinta-feira ao país, num voo de repatriamento da estatal Conviasa, vindo do México, informou nesse dia o ministro do Interior, Diosdado Cabello.
No total, 919 venezuelanos regressaram ao país em cinco voos desde fevereiro, altura em que foram repatriados inicialmente 190, 176 que se encontravam na base militar norte-americana de Guantánamo e mais recentemente 242, também do México, segundo dados oficiais.
Desde que assumiu o cargo, em janeiro, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cujo principal promessa de campanha foi a imigração, retirou o estatuto de proteção temporária contra a deportação de que beneficiavam aproximadamente 600 mil venezuelanos devido à crise económica e de segurança na Venezuela.
Mais de 7,8 milhões de venezuelanos emigraram na última década, segundo a ONU. Parte destes estão nos Estados Unidos.
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