"Acredito que a Venezuela deve estabelecer uma comunicação construtiva com a OEA, com os Estados membros e discutir os aspetos positivos ou negativos para apoiar as necessidades do povo e criar um espaço para resolver as observações dos países da OEA", afirmou Ramdin, em entrevista com o programa 'Políticamente Yncorrecto', transmitido no domingo pelo canal paraguaio Telefuturo.
O diplomata, que se declarou um pragmático, antecipou como uma das suas primeiras tarefas "avaliar a situação atual em relação ao 'status' legal" da Venezuela, cujo assento no fórum está suspenso.
Em 2017, o Governo de Nicolás Maduro denunciou a Carta da OEA, abrindo caminho à retirada formal da Venezuela do mecanismo regional, um processo de dois anos. Em 2019, porém, o órgão reconheceu a figura da oposição Juan Guaidó como presidente interino do país e retirou a denúncia, suspendendo o processo.
"A Venezuela é um país, um tema a que teremos de prestar especial atenção", acrescentou o responsável, que propôs a elaboração de um "roteiro para atacar estes problemas".
Ramdin disse esperar adotar a mesma posição em relação à Nicarágua, que, segundo notou, "não é membro da OEA", acrescentando estar disposto a acompanhar a evolução da situação "e, se possível, criar um canal de comunicação comum".
"Se houver uma intenção mútua de partilhar informações e discutir questões, então consultaremos também os Estados membros da OEA", acrescentou o futuro secretário-geral, que esclareceu, no entanto, que o seu papel não é classificar nações "em termos de ditadura" e antecipou, em vez disso, que procurará "facilitar uma ligação entre países", a partir de uma "posição neutra".
Em relação aos Estados Unidos, o diplomata manifestou a intenção de discutir com Washington o apoio orçamental à organização por parte dos Estados Unidos, que descreveu como um "grande contribuinte".
Ramdin disse ter "boas relações" com a equipa do Presidente Donald Trump, mas reconheceu que "há diferenças em termos da relevância, da importância, do multilateralismo", assumidos pela Administração do líder republicano.
"Vou falar depois de maio - antes até, possivelmente - com diferentes funcionários, incluindo o secretário de Estado [norte-americano], Marco Rubio, sobre o interesse e os objetivos dos Estados Unidos no que diz respeito ao multilateralismo, em termos da OEA", disse Ramdin, que negou ter sido beneficiado por 'lobbying' por parte da China na sua eleição, a 10 de março.
O futuro secretário-geral da OEA sublinhou que o orçamento da organização é uma das questões a debater, salientando que a China "é um dos principais contribuintes", ao contribuir, segundo as suas estimativas, com cerca de 50% do orçamento da organização regional.
"É importante demonstrar claramente os benefícios da OEA em termos de defesa da democracia, defesa dos direitos humanos, o papel da OEA na segurança, migração", acrescentou o diplomata, que espera que com isso "seja possível" que os Estados Unidos mudem a sua posição.
Questionado sobre o cenário em que vai receber a OEA, o próximo secretário-geral sublinhou que a sua abordagem "é muito prática", sem ideologias, e será baseada em "facilitar soluções".
"O mais importante é que haja um espaço de diálogo, de escuta e de criação de uma plataforma de consenso", acrescentou Ramdin, que identificou como objetivos a paz, segurança, desenvolvimento sustentável e mais unidade no hemisfério, incluindo com países como Venezuela, Cuba e Nicarágua.
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