"Nesta crise causada pelo Presidente dos EUA [Donald Trump] e por aqueles que o estão a permitir, lamentamos uma amizade perdida", afirmou Mark Carney, lembrando como "em Gander, os canadianos fizeram coisas extraordinárias pelos norte-americanos quando estes precisaram".
"Agora, temos de fazer coisas extraordinárias por nós próprios", acrescentou o governante, quando EUA e Canadá se enfrentam numa guerra comercial, com Trump também a defender que o país vizinho se podia tornar no 51.º estado norte-americano.
Em 2011, Gander acolheu quase 6.600 passageiros de companhias aéreas, cujos voos foram desviados depois dos Estados Unidos terem fechado o espaço aéreo devido aos atentados do 11/9.
Em poucas horas, a população da cidade de 10.000 habitantes em 2001 acolheu os viajantes de 38 aviões, com a população local a cozinhar e preparar os quartos vagos para oferecer espaço e comida.
"Mais de 6.000 passageiros. De um dia para o outro, a população da cidade quase duplicou", lembrou Carney durante um discurso aos residentes da cidade, elogiando como "mostraram amizade às pessoas que tinham medo".
"Numa crise, mostraram o vosso caráter. Quando as pessoas precisaram de ajuda, vocês deram-na", considerou o responsável, enumerando outros casos de apoio como os recentes incêndios florestais na Califórnia ou a operação no Afeganistão.
Trump impôs tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio canadianos e ameaça aplicar tarifas generalizadas a todos os produtos canadianos - bem como a todos os parceiros comerciais dos Estados Unidos -- a 02 de abril.
Para Carney, os canadianos já ultrapassaram o choque da traição, mas agora têm de cuidar de si próprios depois de se perceber que os povos deixaram de ser como irmãos.
"E não fomos nós que mudámos. Infelizmente, as ações do Presidente Trump colocaram esse parentesco sob maior tensão hoje do que em qualquer outro momento da nossa história", disse Carney.
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