Por outro lado, sete dos oito jornalistas detidos na madrugada de segunda-feira nas suas próprias casas em Istambul, incluindo um fotógrafo da AFP, foram hoje libertados, mas sob controlo judicial, disse à AFP um dos seus advogados.
No total, dez jornalistas foram detidos no país, acusados de "violar a lei sobre reuniões e manifestações", segundo a MLSA, uma associação de defesa dos direitos humanos que acompanha o caso.
Hoje, a província de Ancara prorrogou a proibição de manifestações até 01 de abril inclusive.
As concentrações foram proibidas durante uma semana nas três maiores cidades do país - Istambul, Izmir e a capital - e cerca de 1.200 pessoas identificadas nas manifestações diárias foram detidas nos últimos seis dias.
No entanto, várias dezenas de milhares de pessoas voltaram a reunir-se na segunda-feira à noite em frente à Câmara Municipal de Istambul.
"A nossa polícia prendeu 43 provocadores e os esforços para capturar outros suspeitos continuam", avisou hoje o ministro do Interior turco, Ali Yerlikaya, na rede social X.
Entretanto, o Conselho da Europa, através do Comissário do Conselho da Europa para os Direitos Humanos, Michael O'Flaherty, denunciou hoje o "uso desproporcionado da força" durante as manifestações na Turquia.
"Apelo às autoridades turcas para que respeitem as suas obrigações em matéria de direitos humanos no que respeita à liberdade de reunião pacífica, à liberdade de expressão e à liberdade dos meios de comunicação social", afirmou.
Por seu lado, Ozgur Ozel, presidente do Partido Republicano do Povo (CHP, social-democrata), principal força da oposição, que escolheu Imamoglu, deveria visitar hoje de manhã a prisão de Silivri, na zona ocidental de Istambul, para se encontrar com o presidente da câmara, detido desde domingo por acusações de corrupção.
Pelo menos outros 48 coacusados também estão detidos nesta prisão.
No mesmo dia, o presidente da Câmara foi nomeado pelo seu partido como candidato às próximas eleições presidenciais, previstas para 2028.
Os estudantes continuam particularmente mobilizados em Istambul, Ancara e Eskisehir, uma cidade estudantil situada a meio caminho entre as duas cidades, e continuam a apelar ao boicote das aulas.
Os estudantes de Istambul anunciaram uma "coordenação" entre as duas universidades, convocando nova manifestação para as 17:00 locais (14:00 em Lisboa).
Na segunda-feira à noite, o cortejo de estudantes "foi impiedosamente travado", segundo a AFP, por um grande cordão policial, que os impediu de chegar à sede do município, onde o CHP reúne todas as noites várias dezenas de milhares de apoiantes.
O CHP apelou ao boicote de 11 marcas reputadas como próximas do governo, incluindo uma cadeia de cafés: "Podemos fazer o nosso próprio café", disse Ozel.
Vários funcionários do governo, incluindo o chefe da diplomacia, Hakan Fidan, que falava a partir de Washington, onde faz a primeira visita de um funcionário turco desde que Donald Trump chegou ao poder, condenaram os insultos dirigidos à mãe de Erdogan.
"O ataque sem vergonha ao nosso Presidente e à sua falecida mãe em Saraçhane [sede da Câmara Municipal] é o produto de um colapso moral e de um espírito sujo que visa a paz social", denunciou Fidan.
O presidente do CHP também fez questão de denunciar estes insultos: "É inaceitável misturar protestos com insultos", afirmou no X.
"Parem de perturbar a paz dos nossos concidadãos com as vossas provocações", declarou Erdogan na segunda-feira à noite, dirigindo-se à oposição num discurso transmitido pela televisão.
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