"Numa altura em que homens, mulheres e crianças no Afeganistão necessitam urgentemente de financiamento e apoio internacional, o Conselho Norueguês para os Refugiados (CNR) e os nossos parceiros estão a enfrentar drásticos cortes de financiamento por parte de doadores importantes", avançou a diretora interina da organização.
"Esta situação não nos deixa outra opção se não fazer cortes nos nossos serviços, apesar de isso colocar em risco a vida das comunidades mais vulneráveis e pobres", acrescentou Suze van Meegen.
Segundo explicou, tal como muitas organizações humanitárias, o CNR foi forçado "a fechar várias das suas unidades em muitas províncias [do Afeganistão] e a despedir muitos trabalhadores humanitários dedicados e profissionais, com um impacto particularmente adverso sobre as trabalhadoras".
Os cortes vão ter "consequências a longo prazo" até porque "abrangem desde as comunidades que perderam o acesso a ajuda básica até a milhares de funcionários afegãos experientes que perderam os seus meios de subsistência", lamentou Suze van Meegen.
A organização recordou que a situação decorre da decisão tomada em janeiro pelos Estados Unidos de suspender os projetos de ajuda, a que se junta medidas adotadas por governos de outros doadores internacionais -- incluindo Bélgica, França, Alemanha, Países Baixos, Suécia, Suíça e Reino Unido -- de cortar os seus orçamentos para operações de ajuda humanitária nos próximos anos.
Desde janeiro, a organização não-governamental foi obrigada a encerrar dois centros comunitários, instalações criadas para apoiar as pessoas deslocadas internamente que regressaram às suas casas, especialmente as mulheres que são chefes de família.
Outros dois centros deverão também encerrar portas no próximo mês.
"Esta é a situação mais difícil que o CNR Afeganistão enfrentou nos seus 22 anos de presença no país", admitiu Suze Van Meegen, adiantando, no entanto, que mesmo assim, o CNR Afeganistão não suspenderá as suas operações.
"Continuamos empenhados em permanecer no Afeganistão para apoiar mulheres, homens e crianças deslocados e garantir que as comunidades afetadas por décadas de guerra não são deixadas para trás", acrescentou.
Segundo a diretora interina, é difícil aceitar que "decisões tomadas em capitais longínquas, sem considerar as consequências humanas, reduziram drasticamente o financiamento humanitário para o Afeganistão e limitaram gravemente a capacidade de resposta às necessidades urgentes".
Estes "drásticos cortes na ajuda externa refletem um flagrante desrespeito por parte dos principais doadores pelos 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) que os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) deveriam alocar aos mais necessitados", observou.
Por isso, Van Meegen enfatizou que, "para evitar danos catastróficos no Afeganistão, a comunidade internacional deve intensificar os seus esforços e comprometer-se a apoiar uma população que sofreu décadas de guerra e negligência".
Leia Também: Afeganistão diz que EUA suspendeu recompensas por captura de talibã