Num comunicado de imprensa, a UA exortou "todas as partes envolvidas a exercerem a máxima contenção, a absterem-se de qualquer ação suscetível de exacerbar as tensões e a iniciarem um diálogo construtivo com vista a resolver as questões pendentes através de meios pacíficos e legais".
"Os atuais desenvolvimentos, embora não verificados, podem levar a um colapso do processo de transição e a um regresso à guerra em grande escala, com consequências devastadoras para o povo do Sudão do Sul e para a região em geral", alertou por seu turno o IGAD, bloco comercial composto por Jibuti, Eritreia, Etiópia, Quénia, Somália, Uganda, Sudão, e o próprio Sudão do Sul.
O secretário-geral do IGAD, o etíope Workneh Gebeyehu, apelou a "todas as partes para que se abstenham imediatamente de qualquer ação unilateral que viole o espírito e a letra do acordo de paz", assinado em 2018 e com o intuito de haver partilha de poder entre o Governo e a oposição, mas cujas principais disposições nunca foram implementadas.
Este bloco de Estados da África Oriental manifestou abertura para voltar a apoiar a mediação com o fim de preservar a paz e apelou à implementação do acordo de paz.
A Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul afirmou também hoje que a detenção do primeiro vice-Presidente coloca o país à beira da guerra civil e apelou à contenção de todas as partes.
Num comunicado, a missão da ONU afirma que "o desrespeito das proteções consagradas no acordo de paz - incluindo a liberdade de circulação, a participação política e a cessação das hostilidades - conduzirá a um regresso catastrófico à guerra".
Na sequência da detenção de Riek Machar, na quarta-feira, pelas forças leais ao Presidente, Salva Kiir, o partido de Machar declarou o fim do acordo de paz que tinha posto fim a cinco anos de uma guerra civil sangrenta entre as forças de Kiir e Machar.
A instabilidade no país começou a aumentar com confrontos violentos em 4 de março, quando uma milícia rebelde, o Exército Branco, tomou uma guarnição do exército na cidade de Nasir, no norte do Sudão do Sul, e raptou soldados, incluindo um comandante superior, o que desencadeou várias detenções em Juba contra apoiantes da oposição liderada por vice-Presidente sul-sudanês.
O anterior conflito de larga escala, que durou entre 2013 e 2018, causou a morte de quase 400 mil pessoas e quatro milhões de deslocados no Sudão do Sul, o Estado mais jovem do mundo.
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