"Se os chineses e os norte-americanos entrarem num conflito com tarifas aduaneiras, isso será uma má notícia para nós. Porque os nossos parceiros comerciais e investidores mais importantes fora da União Europeia (UE) são os Estados Unidos e a China", afirmou Szijjártó, que falava durante um evento no centro de estudos britânico Royal United Services Institute (RUSI) sobre a política externa de Budapeste, que a agência Lusa acompanhou em Londres.
O chefe da diplomacia húngara manifestou-se "esperançoso" que os dois países ainda possam chegar a um "grande acordo de comércio", algo que na sua opinião seria positivo para a economia mundial.
O Governo húngaro, liderado pelo primeiro-ministro ultranacionalista Viktor Orbán, é um aliado próximo do Presidente dos EUA, Donald Trump.
Desde a sua tomada de posse, em janeiro, Trump aplicou uma sobretaxa adicional de 20% sobre os produtos chineses que entram nos Estados Unidos. Na semana passada, o líder norte-americano avançou com taxas separadas de 34%.
Em resposta, Pequim anunciou que vai impor taxas recíprocas de 34% sobre os produtos norte-americanos a partir de quinta-feira. Em reação, Trump ameaçou na segunda-feira aumentar as taxas em mais 50% se Pequim mantiver a sua decisão.
Ainda na segunda-feira, a Casa Branca (presidência norte-americana) indicou que as tarifas norte-americanas sobre os produtos chineses deverão perfazer um total de 104%, se Pequim mantiver a resposta às medidas do Presidente Trump.
Esta troca de palavras acontece depois de os EUA terem imposto uma tarifa mínima de 10% sobre todas as importações, 20% no caso da União Europeia (UE).
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou que a UE está disposta a negociar, mas que também preparada para responder com contramedidas.
Na segunda-feira, Von der Leyen chegou a propor aos EUA tarifas "zero por zero" no comércio de produtos industriais, medida que Trump classificou como insuficiente.
Szijjártó afirmou que a Hungria instou a Comissão Europeia há alguns meses a ser proativa e a reduzir as tarifas sobre as importações de veículos norte-americanos de 10% para 2,5%, o valor cobrado pelos EUA ao mesmo tipo de produtos de origem europeia.
O objetivo era criar uma "plataforma para negociações baseadas num acordo mútuo" mas, "por alguma razão, a Comissão Europeia não o fez", indicou o político húngaro.
"Continuo a acreditar que as negociações são melhores do que as contramedidas", argumentou.
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