LGBTIQ em Timor-Leste enfrentam violência e discriminação, mas há progressos

A comunidade LGBTIQ de Timor-Leste continua a enfrentar violência, discriminação e a sofrer de desigualdades económicas, apesar de terem sido registados progressos na aceitação social e saúde, segundo um estudo realizado pela Associação Arco-íris.

Notícia

© Lusa

Lusa
18/04/2025 08:17 ‧ ontem por Lusa

Mundo

Timor-Leste

No estudo, enviado à Lusa e realizado entre 2023 e 2024, salienta-se que foram feitos alguns "progressos na aceitação social" com 67,1% das famílias a aceitarem membros LGBTIQ, apesar de ainda haver 7,6% de rejeição completa e 6,3% que "explicitamente não reconhecem a identidade de género dos seus familiares".

 

Mas, aquele progresso não impediu que 62% dos elementos da comunidade tenham relatado "assédio verbal, físico e exclusão social" nos últimos 12 meses.

Segundo o documento, 31% experienciaram ameaças ou intimidação física dentro da própria família, 16,1% foram ameaçados com violência física, dos quais 10,3% sofreram agressões graves.

Para a Arco-íris, uma organização não-governamental de defesa dos direitos da comunidade LGBTIQ, é preciso "fortalecer a proteção legal através da aplicação de lei anti-discriminação e a prestação de assistência jurídica às vítimas de violações de direitos" e aumentar a consciencialização pública para combater o estigma e a discriminação.

"Uma forma agressiva de masculinidade hegemónica, combinada com atitudes negativas em relação à homossexualidade promovidas pela igreja católica, reforça a necessidade urgente de combate à intolerância sustentada por forças conservadoras", salienta-se no estudo, em que se defendem também políticas mais inclusivas.

Em relação à saúde, a Associação Arco-íris destaca que 67,7% da comunidade se sente "confortável ao aceder aos serviços médicos", o que demonstra que existe um "esforço em curso para tornar os serviços de saúde mais inclusivos".

"Embora o número dos que se sentiram discriminados seja menor, a sua existência continua a refletir que ainda persistem barreiras no acesso aos serviços de saúde", pode ler-se no estudo, que propõe um acesso mais inclusivo e a criação de centros de saúde amigáveis à comunidade LGBTIQ.

No estudo alerta-se que os problemas de saúde mental são um "desafio sério", com 51% dos membros da comunidade a relatar tristeza, 31% a dizer que perdeu a esperança e 20% a sentir que não tem valor.

"Este sofrimento emocional é agravado pela falta de apoio social. Apenas 27,3% procuraram ajuda emocional e 30,3% optaram por não falar com ninguém sobre as suas dificuldades", pode ler-se no documento.

Em relação ao bem-estar económico, 48,4% da comunidade vive com rendimentos inferiores a 100 dólares (cerca de 88 euros) mensais e apenas 16,1% recebe mais de 150 dólares (cerca de 132 euros).

"Até 22,6% relataram ter passado fome por falta de dinheiro para comprar comida, 9,7% não têm um local seguro para dormir e 12,3% não conseguem pagar despesas médicas", refere o estudo.

Para a associação, aqueles dados revelam uma "disparidade social e económica significativa que precisa de ser urgentemente resolvida".

Apesar de algumas melhorias registas, a Associação Arco-íris considera que a "violência, a discriminação, o sofrimento mental e as desigualdades económicas são problemas graves que precisam de ser resolvidos".

"Com uma consciencialização crescente e esforços conjuntos entre diferentes partes interessadas, existe esperança de criar um ambiente mais justo e digno para todos, incluindo para a comunidade LGBTIQ", acrescenta-se no estudo.

Leia Também: Timor-Leste organiza conferência internacional sobre direito do mar

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas