O encontro, organizado pelo escritório regional para África da Organização Internacional do Trabalho (OIT), conta com a participação de representantes de países como São Tomé e Príncipe, Zâmbia, Ilhas Maurícias, Suazilândia, Costa do Marfim, Camarões, Tunísia, Gabão, Argélia, Egito, Quénia, Nigéria, África do Sul, Sudão e Cabo Verde.
De acordo com as Nações Unidas, 26 dos 54 países africanos estão classificados como países de rendimento médio, concentrando 56% da população do continente.
O PIB 'per capita' elevou-se a 4.058 dólares (3.696,56 euros) e a percentagem média de cidadãos dos países de rendimento médio que vivem abaixo da linha de pobreza é de 38,6%, ligeiramente abaixo da taxa média de pobreza no continente, que se situa nos 44%.
Por isso, durante a sua intervenção na sessão de abertura do encontro, o diretor regional da OIT para África, Aeneas Chuma, considerou "vital" a execução de uma Agenda para o Trabalho Digno nos países de rendimento médio à semelhança da já aprovada para os estados frágeis de África.
"O trabalho decente sintetiza as aspirações das pessoas nas suas vidas de trabalho, incentiva oportunidades de trabalho que sejam produtivas e que correspondam a um rendimento justo, à segurança no local de trabalho e à proteção social das famílias".
Aeneas Chuma lembrou que a Estratégia de Trabalho Decente para os Países de Rendimento Médio resulta de um conjunto de alargado de consultas em vários países e apelou aos participantes para que, além da validação da estratégia, pensem, desde já, num modo de a operacionalizar.
"Uma estratégia só é boa se a sua implementação também for", disse.
Por seu lado, o primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, sublinhou o facto de o encontro decorrer numa altura em que o país debate a aplicação interna da Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável, assumindo como prioritária a erradicação da pobreza, o emprego, a educação e a segurança.
"Não existem outras escolhas que não passem pela criação de condições para o trabalho decente, não só do ponto de vista salarial e laboral, mas da liberdade das pessoas para serem autónomas e autossuficientes na sua relação com o Estado e com o poder político", disse.
Ulisses Correia e Silva exprimiu ainda a ambição de "através de um crescimento económico inclusivo e sustentado criar condições para o pleno emprego numa década"
"Cabo Verde não almeja gerir o trabalho precário, muito menos a pobreza que deste emana. Queremos um crescimento económico sustentado em trabalho decente e digno, que erradique a pobreza", disse.
O encontro, que conta ainda com representantes das entidades patronais e sindicais africanas, prossegue terça-feira, devendo no final validar a Estratégia Trabalho Digno em Países de Rendimento Médio.