Diz a sabedoria popular que anos bissextos são ‘negros’ e repletos de tragédias. A verdade é que 2016, que hoje completa os (malditos) 366 dias, é disso um bom exemplo. De acidentes com aviões, a atentados terroristas, aos chocantes naufrágios no Mediterrâneo, foram milhares as vidas perdidas no ano que hoje termina.
Se estas mortes foram, frequentemente, notícia em todo o mundo, muitas outras houve (algumas inesperadas) que não deixaram ninguém indiferente. O legado deixado em terra ficará para a história por em vida terem sido personalidades diferentes dos demais.
Logo no arranque de 2016, partiu o ‘camaleão do Rock’. David Bowie tinha 69 anos e tinha lançado há poucos dias o seu último álbum ‘Blackstar’. No mesmo mês, o país chorou a morte do histórico socialista Almeida Santos e do ator José Boavida, com apenas 51 anos.
O que não se esperava era que os meses que a janeiro se seguiram fossem tão 'cinzentos'. Depois da partida do escritor italiano Umberto Eco, o adeus do ator, produtor e realizador Nicolau Breyner ‘apanhou’ todos de surpresa. Mas as tristes notícias de fevereiro não se ficaram por aqui. A antiga glória do Barça, Johan Cruyff, morreu dias depois.
Quando entrámos em abril, o 'cenário' não melhorou. Ainda o mundo da música tentava reerguer-se da partida de Bowie e outro músico de peso internacional morria inesperadamente: ‘o príncipe’ Prince. Antes já o teatro português tinha perdido o ator Francisco Nicholson.
Chegados a junho, já sem o árbitro Paulo Paraty, o icónico jornalista Morley Safer, o artista plástico Querubim Lapa, entre outros, surge a notícia da partida de Muhammad Ali e, poucos dias depois, do sociólogo Paquete de Oliveira e do ator e realizador Bud Spencer.
Em julho, o país mergulhou em mais perdas. Morreu o ator Camilo de Oliveira, a antiga glória do futebol, Artur Correia, e o ‘senhor do atletismo’ Moniz Pereira. Já agosto ficou marcado pelas partidas de Margarida de Sousa Uva (mulher de Durão Barroso), da ‘menina da rádio’ Maria Eugénia, e de uma série de outros tantos atores nacionais e internacionais.
No mês seguinte partiu o antigo presidente da Assembleia da República, Barbosa de Melo, o escultor José Rodrigues e no mesmo dia o artista plástico Mário Silva. A eles seguiram-se o bastonário Domingues Azevedo, a atriz transgénero Alexis Arquette, e o antigo presidente de Israel e Nobel da Paz, Shimon Peres.
O ‘velho capitão’ Mário Wilson morreu no arranque de outubro, deixando o país, o futebol e, em particular, o Benfica de luto. Além fronteiras, chegava da Tailândia a morte do seu rei, o monarca há mais tempo no poder. Foi também neste mês que partiram José Lello (antigo ministro), Jaime Fernandes (provedor do telespectador), e o neurocirurgião João Lobo Antunes.
E em novembro, novo choque no mundo da música com a partida do visionário Leonard Cohen, no mesmo mês em que morreu o comandante Fidel Castro, o conselheiro de Estado Alfredo Bruto da Costa e o ator Carlos Santos.
Mas este ano 'negro' não tinha ainda acertado todas as contas. Dezembro chegou e depressa começou a acrescentar mais nomes à já longa lista de perdas. Depois da morte dos atores Manuel Bola, Alan Thicke, e Zsa Zsa Gabor, seria mesmo o ‘Last Christmas’ do músico George Michael, cujas causas da morte ainda estão por apurar. E estava ainda o mundo das artes a tentar recompor-se desta perda quando a Princesa Leia, Carrie Fisher, partiu. A mãe, também atriz, Debbie Reynolds não resistiu ao desgosto e dois dias depois rumou para junto da filha.
Estas e muitas outras perdas irreparáveis aconteceram num só ano, o de 2016, que muitos anseiam, por isso, que termine depressa. Foram demasiadas e grandes as perdas que ficarão para a história deste malfadado ano. Que 2017 não seja tão cinzento...é o desejo de todos.