Numa entrevista em que o futuro do projeto europeu esteve em destaque, Emmanuel Macron afirmou à RTP que a relação entre França e a Alemanha é fundamental para a União Europeia, reiterando a importância do eixo franco-alemão.
No entanto, não deixou de frisar que a relação entre Paris e Berlim está, atualmente, desequilibrada a nível económico. "Há 15 anos, o doente europeu era a Alemanha", disse Macron, deixando a ideia de que cabe a estes dois países conduzir as reformas que podem resgatar o projeto europeu, mas que, para tal, é fundamental que o Governo liderado por Angela Merkel seja mais solidário.
Com um discurso marcadamente pró-europeu, Macron reforçou por várias vezes a importância que a União Europeia assume para a sua visão de França, puxando para Paris uma "responsabilidade central na transformação da Europa".
O candidato centrista, que considera fundamental proceder a uma série de reformas para equilibrar a união entre países europeus, disse querer uma Europa com sentido de "solidariedade" e não uma Europa "repressiva", numa clara alusão à intransigência dos países do Norte.
"A França está no nível intermédio entre os países do Sul e do Norte da Europa", afirmou. Nesta entrevista à RTP, Macron deixou ainda uma palavra para os portugueses a viver em França: "Há uma cultura muito forte em todos os portugueses", reforçando o sentimento de "proximidade entre os dois países".
No campo da economia, o candidato diz ser contra a mutualização das dívidas futuras dos Estados europeus e garantiu que, caso seja o vencedor das presidenciais, irá combater o dumping fiscal e reformar a globalização capitalista num quadro multilateral, o que irá exigir um esforço além-fronteiras.
Le Pen é "inimigo absoluto"
Como não poderia deixar de ser, os rivais na corrida para o Eliseu não ficaram de fora das considerações de Macron, que acusou os adversários de quererem destruir o projeto europeu.
O jovem candidato, de 39 anos, apontou Marine Le Pen, a candidata da extrema-direita, como a sua grande inimiga, acusando-a de fomentar "o ódio pelo outro". Demarcando-se do oponente socialista Benôit Hamon, a quem, segundo as sondagens, tem ganho uma quantidade significativa de eleitorado, e dos casos de corrupção que envolvem François Fillon, Emmanuel Macron deixou ainda críticas a Jean-Luc Mélenchon.
Apesar de considerar que o candidato da esquerda radical é "menos antagonista" aos seus "valores" do que Marine Le Pen, Macron acusou Mélenchon de ser pró-russo e de ter uma política internacional "incoerente".
Para a primeira volta das eleições, que decorrem no próximo dia 23 abril, Macron disputa o primeiro lugar com Marine Le Pen, líder da Frente Nacional que tem liderado as sondagens.
A segunda volta das eleições, em que apenas estarão os dois candidatos mais votados, decorre a 7 de maio.
[Atualizado às 22h05]