Catalunha independente? Mais ou menos. Agora espera-se decisão de Rajoy

Declaração de independência unilateral foi anunciada com efeitos suspensos, pedindo-se o apoio de Madrid para chegar a um acordo. Carles Puigdemont contornou, desta forma, uma decisão que seria de rutura, com vista ao diálogo, mas sob pena de alienar os próprios parceiros políticos. Governo central pode, esta quarta-feira, não ceder ao apelo de Puigdemont e suspender a autonomia do governo regional.

Notícia

© Reuters

Anabela de Sousa Dantas
10/10/2017 23:40 ‧ 10/10/2017 por Anabela de Sousa Dantas

Mundo

Catalunha

Era a sessão plenária mais aguardada na Catalunha em décadas e já antes de começar, com uma hora de atraso, mostrava sinais de não haver consenso interno, o que acabaria por se confirmar. Carles Puigdemont, presidente regional, anunciou que assumia o “mandato do povo para que a Catalunha se converta num estado independente em forma de República" mas deixando os efeitos da declaração unilateral de independência em suspenso por várias semanas, por forma a iniciar “um diálogo que chegue a uma solução concertada”.

Por outras palavras, o líder do governo autónomo anunciava a declaração de independência mas com efeitos suspensos, evitando assim uma decisão de rutura no contexto do país (e europeu) mas, talvez, alienando os próprios parceiros do processo de autodeterminação. Esta decisão acaba por não responder, pelo menos no imediato, nem ao ‘sim’ nem ao ‘não’ do referendo de 1 de outubro, o que levantou uma onda de incerteza entre catalães e espanhóis.

A 'Declaração dos Representantes da Catalunha' foi, ainda assim, assinada por Carles Puigdemont e pelos 73 deputados independentistas, à margem do plenário.

Aliados políticos descontentes exigem suspensão imediata

Sem uma decisão clara e de efeito imediato, o partido de extrema-esquerda CUP (Candidatura de Unidade Popular), um dos principais aliados do governo regional, manifestou de imediato o seu descontentamento. “Esta proclamação solene da República não chegou, e nós soubemo-lo uma hora antes de começar o plenário, e por isso não podemos aceitar esta suspensão”, indicou a deputada da CUP Anna Gabriel, sublinhando que talvez se tenha “perdido uma oportunidade histórica”.

A CUP afiançou, mais tarde, que perdeu a sua confiança no governo catalão e que iria suspender as atividades parlamentares como forma de protesto pela suspensão da declaração de independência. “Nós não subscrevemos a suspensão da declaração de independência”, acrescentou mais tarde Quim Arrufat, dirigente da CUP, dando o prazo de um mês à Generalitat para voltar atrás com a mesma.

Mariano Rajoy vai decidir se aplica ou não artigo 155.º

A reação do governo central é, contudo, a mais esperada. Puigdemont terminou a sua intervenção apelando ao apoio de Madrid na mesa de negociações, sublinhado que o "governo autónomo está a fazer um gesto de responsabilidade", mas Mariano Rajoy nunca se mostrou inclinado à negociação.

Logo após o término do discurso, várias fontes indicavam que governo espanhol tomava a decisão como uma declaração unilateral de independência, mesmo com a suspensão, e que iria agir de acordo com a lei.

Soraya Sáenz de Santamaría, vice-presidente do governo espanhol, anunciou a convocação de conselho de ministros extraordinário para esta quarta-feira às 9h (8h em Lisboa), onde vai ser decidido se será ou não aplicado o artigo 155.º da Constituição, que permite a suspensão da autonomia do governo regional e transfere os poderes para o governo central.

Partilhe a notícia

Produto do ano 2024

Descarregue a nossa App gratuita

Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas