Maria Luís Albuquerque admite ter sido contactada “em dezembro de 2015”, um mês depois de ter deixado o cargo de ministra das Finanças, pela empresa britânica Arrow Global, da qual diz nunca ter ouvido falar anteriormente.
“Nunca tinha sequer ouvido falar desta empresa, nunca tive conhecimento nem qualquer contacto”, garantiu, esta noite em entrevista à RTP3.
A ex-ministra das Finanças assumiu que a Arrow Global teve benefícios do Estado português, mas apenas “benefícios automáticos que não dependem de nenhuma decisão do Executivo”, comparáveis às deduções de despesas feitas no IRS.
Não há, na sua opinião, nenhuma ilegalidade na sua contratação, considerou a ex-governante que foi hoje ouvida numa subcomissão no Parlamento.
Confrontada com a possibilidade de haver na sua contratação uma incompatibilidade ético-política, Maria Luís Albuquerque frisou que “o grupo não teve negócios com o Estado português, algo que foi confirmado pelo Ministério das Finanças”.
“É uma empresa cotada em Inglaterra, regulada pelo regulador inglês. Foi essa empresa que me abordou para uma posição de administradora não executiva”, explicou, na antena da estação pública.
Sendo administradora não executiva, garante Maria Luís Albuquerque, não terá envolvimento concreto em negócios, não terá contacto com qualquer cliente, “nem em Portugal nem em lado nenhum”.
A sua missão será, ao invés, “fazer o controlo e o escrutínio da atuação da comissão executiva e participar nas discussões estratégias”. Uma “visão macroeconómica sobre a Europa” é a sua mais-valia para a empresa.
Sobre as críticas de que tem sido alvo, a ex-ministra entende que “muitas das pessoas que falaram, fizeram-no com ignorância, populismo e má-fé, algo que não é admissível aos comentadores e políticos”.
Já questionada sobre a atitude que tomará se a sua posição nos negócios chocar com a sua função de deputada, deixou a garantia de que a sua “lealdade é para com o Estado português”.