O ano passado tornou-se o ano mais trágico de sempre em Portugal no que a incêndios diz respeito. Foram 112 vítimas mortais, com destaque para a tragédia de Pedrógão Grande, em junho, e a dos incêndios de 15 de outubro no Centro do país. Na Tailândia, recentemente, uma equipa de futebol de 12 jovens e o treinador foi resgatada com sucesso após 18 dias fechados numa gruta, numa operação de resgate internacional.
Marques Mendes, no seu espaço de comentário semanal na antena da SIC, comparou os dois casos, opondo o "enorme profissionalismo" da operação na Tailândia ao "enorme amadorismo" nos incêndios de 2017 em Portugal.
"Nesta matéria, que acompanhei como qualquer cidadão que acompanhou esta fase do resgate, eu dou comigo a pensar no seguinte: Portugal teve, no ano passado, duas grandes tragédias nos incêndios. Este caso, na Tailândia, se não fosse bem planeado e executado, provavelmente também era uma enorme tragédia", começou por dizer.
"O que é que na minha opinião fez a grande diferença entre as tragédias em Portugal no ano passado e esta potencial tragédia?", questionou de seguida Marques Mendes, antes de o próprio responder à questão.
"Há muitas diferenças, evidentemente, mas acho que há uma aqui essencial: em Portugal tudo foi feito com enorme amadorismo, na Tailândia tudo foi planeado e executado com enorme profissionalismo", afirmou.
Em Portugal nas tragédias do ano passado, prosseguiu, "falhou a coordenação, falhou a comunicação, falhou o combate, o SIRESP, tudo amadorismo, tudo feito em cima do joelho, tudo de improviso, até a nomeação de responsáveis em cima da época de incêndios”.
Por outro lado, defendeu, a Tailândia, que, “segundo se sabe, já tem bons especialistas nesta matéria, mesmo assim recorreu aos melhores dos melhores no plano internacional, não teve nem complexos nem teve preconceitos".
De resto, finalizou, “toda a operação foi conduzida com grande rigor e detalhe, sem ‘show-off’ (…) para não haver aparato, só eficácia. E resultou bem”.
“A diferença entre o amadorismo e o profissionalismo, é a diferença que faz toda a diferença. Por isso nós não tivemos profissionalismo aqui, nos incêndios no ano passado, e tivemos duas tragédias, houve profissionalismo na Tailândia e evitou-se uma tragédia. Dá que pensar. Esta é a grande lição que deve ser interiorizada em Portugal”, concluiu.