Numa nota enviada ao Notícias ao Minuto, a PGR adianta que "foi instaurado um inquérito para apurar as circunstâncias que rodearam a ocorrência", sendo as investigações dirigidas pelo Ministério Público do DIAP do Porto.
Ao final da tarde deste sábado, um helicóptero do INEM com quatro pessoas a bordo - piloto, copiloto, médico e enfermeira - despenhou-se na Serra de Pias, em Valongo, a cerca de 700 metros da capela de Santa Justa.
Horas depois de ter sido noticiado o desaparecimento do aparelho dos radares, num dia em que o mau tempo se fazia sentir na região, as autoridades confirmavam que o equipamento aéreo tinha caído e, consequentemente, que os quatro ocupantes tinham morrido. Dois dos corpos estavam encarcerados nos escombros, enquanto os outros dois tinham sido projetados.
Paralelamente, instalaram-se dúvidas relativamente à hora do alerta para este acidente e à hora em que as operações de socorro tiveram o seu início.
Depois de inicialmente se questionar um atraso de duas horas no início das operações de busca e salvamento, a NAV, em declarações à Lusa, revelava a fita do tempo. Ora, pelas 18h30, o helicóptero informou a torre de controlo que iria levantar voo, apesar das condições meteorológicas adversas.
Dentro de 5/6 minutos, o piloto esperava estar já no ar. Recorde-se que a equipa de emergência do INEM tinha transportado uma paciente em estado grave, com problemas cardíacos, para o Hospital de Santo António, no Porto.
Ainda de acordo com a empresa que gere a navegação aérea, pelas 19h20 a entidade alega ter tentado contactar o Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) do Porto, de Braga e de Vila Real, embora sem sucesso. O CDOS de Coimbra é que viria a atender a chamada que a terá, alegadamente, encaminhado para o Porto. Passados 20 minutos, a NAV diz ainda ter contactado a Força Aérea.
E é aqui que se instala a polémica, já que a Proteção Civil só iniciou as operações de busca e salvamento pelas 20h15. O que aconteceu neste espaço de tempo ainda não é de conhecimento público. Até aqui, há apenas informações contraditórias a registar.
A Proteção Civil distrital revelou que o Comando de Operações de Socorro do Porto foi alertado, pelas 20h15, para a queda do helicóptero do INEM pelo Comando Nacional e que este foi avisado às 20h09 pela Força Aérea.
Em declarações aos jornalistas no local da tragédia, Marco Martins, presidente da comissão distrital da Proteção Civil do Porto, defendeu mesmo que tinha falado com o comandante do CDOS de Coimbra que, por sua vez, nega ter estado em contacto com a NAV. Também os Comandos Distritais de Operações de Socorro de Braga e de Vila Real recusaram não ter atendido a chamada da NAV sobre o acidente de Valongo, garantindo ter operadores "em permanência 24 horas por dia".
Durante este domingo chegou a ser equacionada a má articulação entre a Proteção Civil e os bombeiros, uma vez que estes estão em protesto com o Governo devido à alteração prevista à lei orgânica da Proteção Civil. Saliente-se que a maioria das corporações a nível nacional não têm transmitido todas as informações das ocorrências aos CDOS. Mas Marco Martins garantiu uma "articulação perfeita" com os bombeiros.
A única entidade que, até ao momento, corrobora a posição da NAV é a Força Aérea, de acordo com a qual foi alertada para o desaparecimento da aeronave pelas 19h40. Porém, a mesma fonte diz que a Proteção Civil negou, na altura, ter conhecimento da ocorrência.
A Babcock Portugal, operadora do helicóptero do INEM que caiu este sábado em Valongo, garantiu hoje à Lusa que a prioridade é apoiar as famílias dos tripulantes e a equipa médica, estando também a trabalhar com as autoridades.
Recorde-se que o ministro da Administração Interna determinou à Proteção Civil a abertura de um "inquérito técnico urgente" ao funcionamento dos mecanismos de reporte da ocorrência e de lançamento de alertas relativamente ao acidente com o helicóptero do INEM.