Na sequência da decisão do Tribunal Metropolitano de Budapeste de extraditá-lo para Portugal, Rui Pinto lançou um manto de suspeição às autoridades e à justiça portuguesas. O hacker frisa que é "escandaloso o que está a acontecer" e revelou ter entregue provas à justiça francesa do comportamento "gravíssimo" de agentes da Polícia Judiciária".
"Quando vemos agentes da PJ a usarem emails pessoais para falarem com agentes da doyen e a tratarem-nos como amigos, isso é gravíssimo. O Ministério Público investiga isso? Não investiga", atirou Rui Pinto.
O hacker sublinha que a cultura no futebol em Portugal "não vai mudar", uma vez que "não há cultura de desporto, há cultura de clubismo".
"Ainda por cima quando temos agentes da polícia, magistrados, juízes, que infelizmente levam a paixão clubística muito a sério, que têm convites vip para irem ver jogos de futebol, não vai mudar. Portugal está podre. Tudo que se tem passado com o caso dos emails com o eToupeira é uma treta, não vai acontecer nada", realçou.
Defendendo que o que tem feito como 'whistelblower' "não visa nenhum clube específico" e que até fica "entristecido com algumas coisas que sabe do FC Porto", o seu clube, Rui Pinto diz que não se "arrepende de nada. Fazia tudo de novo".
Rui Pinto também foi questionado sobre as comparações com Julian Assange e Edward Snowden, dois dos 'whistelblowers' mais conhecidos do mundo.
"Isto não é uma corrida de Fórmula Um. Eu não me estou a comparar ao Julian Assange e ao Edward Snowden. Eu acho é que, infelizmente, a legislação europeia é bastante incompleta em relação aos 'whistelblowers'. A perseguição que Julian Assange e Edward Snowden têm sofrido significa que para ser 'whistleblower' uma pessoa tem de ter muita coragem".
Os advogados do hacker vão recorrer da decisão de extradição para Portugal.
[Notícia atualizada às 13h36]