Sobem de tom as críticas em Espanha por causa de viagem de Magalhães

Academia de história espanhola diz que toda a empresa que permitiu a primeira circum-navegação do mundo é "exclusivamente" espanhola.

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© iStock/duncan1890

Pedro Filipe Pina
10/03/2019 12:40 ‧ 10/03/2019 por Pedro Filipe Pina

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Foi há 500 anos que a primeira viagem à volta ao mundo ocorreu. Em causa está a conhecida frota liderada por Fernão de Magalhães, responsável pela primeira circum-navegação da História. O tema voltou a estar na ordem do dia e, este domingo, a espanhola Real Academia de la Historia emitiu um comunicado que é destaque na imprensa espanhola, em que afirma que "é incontestável" a "plena e exclusivamente espanhola" nacionalidade da viagem.

Para entendermos esta história é preciso recuar até 2017, altura em que Portugal, a pensar nos 500 anos de aniversário do evento, propôs a candidatura da circum-navegação a património da UNESCO.

Na candidatura portuguesa o nome de Elcano não era incluído  e o papel de Espanha na viagem "subalterno", critica o espanhol ABC, que dá destaque de abertura ao assunto na sua página online.

Já em janeiro deste ano, o ministro dos Negócios Estrangeiros Augusto Santos Silva abordou o assunto, defendendo a promoção dos 500 anos de forma concertada, "em Espanha, com a presença dos portugueses, e em Portugal, com a presença dos espanhóis", o programa de atividades conjuntas luso-espanholas para celebrar a Viagem de Circum-navegação de Magalhães e de Elcano.

Embora o então homólogo espanhol tenha garantido, a par de Santos Silva, que a candidatura seria feita pelos dois países, em Espanha a polémica manteve-se, como notava o jornal Público já este mês de março.

O debate histórico parece surgir aqui condicionado também a algumas questões de nacionalismo, dado que há méritos na condução da expedição por distribuir entre o português Fernão de Magalhães, o navegador espanhol Elcano e a aposta feita então pela coroa castelhana. Mas o que nos diz a história?

Fernão de Magalhães liderou a expedição que se fez ao mar em 1519. Terão partido um total de 234 homens. O navegador de origem portuguesa, e que acabaria por casar-se em Espanha (a Real Academia de la Historia faz questão de salientar que o nome do navegador foi 'castelhanizado', passando de Fernão de Magalhães a Fernando de Magallanes), liderou a expedição até à sua morte, em 1521. 

Elcano é o navegador espanhol que liderou a expedição da coroa de Carlos I na parte final da viagem. Chegou a Espanha em 1522, tendo optado pelo caminho mais curto, que poderia ter resultado em prisão ou morte dado o risco de se cruzarem com navios da coroa portuguesa, então pertencente a D. Manuel I.

Esta parte final da viagem de Elcano permitiu fechar a circum-navegação, três anos após a partida, e apenas com 18 homens sobreviventes.

Clique aqui para espreitar o comunicado da Real Academia de la Historia.

 

 

 

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