A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) diz “não compreender as declarações do ministro da Administração Interna” relativamente ao número de elementos das forças de segurança feridos durante o exercício das respetivas funções.
A polémica estalou no domingo depois de dois militares da Guarda Nacional Republicana terem sofrido ferimentos ligeiros, na madrugada de sábado, ao serem alvo de disparos quando levavam a cabo uma operação de fiscalização de trânsito em Cernache, Coimbra. Os três ocupantes da viatura de onde foram feitos os disparos fugiram, embora um tenha acabado por se entregar às autoridades, continuando os outros dois em parte incerta.
Face a esta situação, Eduardo Cabrita garantiu que “não há cada vez mais [elementos agredidos]” até porque, sublinhou, “Portugal é cada vez mais um país seguro”, contrariando não só aqueles que são os dados do último Relatório Anual de Segurança Interna (1.159 elementos das forças e serviços de segurança feridos em serviço sem necessidade de internamento em 2018, quando em 2017 o número havia sido 265), como também as declarações do presidente da Associação Profissional da Guarda (APG/GNR) que referiu que "há cada vez mais agressões e nada se tem feito para considerar a profissão de risco".
Na madrugada desta segunda-feira, a ASPP/PSP divulgou uma nota na sua página de Facebook na qual refere que “esta mensagem do MAI, além de esconder a realidade, além de não reconhecer o esforço dos polícias, mata qualquer esperança de ver resolvidos um conjunto de problemas que estão direta e indiretamente associados às agressões contra polícias”.
Na mesma nota, a associação dirigida por Paulo Rodrigues defende ainda que os “polícias merecem mais por parte do poder político” e mostra-se preocupada com o facto de, além de haver mais agressões a agentes da autoridade, as mesmas serem cometidas com um maior “grau de violência e agressividade”.
As palavras de Eduardo Cabrita mereceram, ainda no decorrer do dia ontem, as críticas por parte do Sinapol – Sindicato Nacional da Polícia.
Armando Ferreira disse à agência Lusa que “nem que seja só um profissional das forças de segurança agredido, esse número continuará sempre a ser inadmissível, pelo que só podemos concluir que algo vai mal na casa que nos tutela".