Banco de Leite Humano quer licença de amamentação de seis meses

O responsável pelo único banco de leite humano do país defende o alargamento para seis meses da licença de amamentação e diz que as empresas deviam incentivar as trabalhadoras a extrair o leite no local de trabalho.

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Lusa
31/07/2019 13:15 ‧ 31/07/2019 por Lusa

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Maternidade

Israel Macedo, responsável pelo Banco de Leite Humano que funciona na Maternidade Alfredo da Costa (Lisboa), sublinha, a propósito do Dia Mundial do Aleitamento Materno, que se assinala na quinta-feira, que "o leite humano é extremamente difícil de imitar" e dá ao bebé "proteção e defesas" para o resto da vida.

"Não é só um alimento. É algo de biológico que a mãe está a dar ao bebé a nível de bactérias, defesas e informação relativa ao meio ambiente e a proteções em relação a potenciais agressores", afirmou, frisando que o leite materno "vai preparar o corpo do bebé para vir a ter menos diabetes, menos obesidade e para ter uma saúde cardiovascular melhor".

Apesar dos avanços tecnológicos nas fórmulas artificiais de leite, o pediatra sublinha que, pelos benefícios que traz para a saúde do bebé ao longo de toda a sua vida deveria haver um maior estímulo à amamentação.

Além de defender o alargamento da licença de amamentação para os seis meses -- pelo menos o que a Organização Mundial de Saúde recomenda -- Israel Macedo diz que as próprias empresas deveriam estimular as trabalhadoras que foram mães e dar condições para que possam extrair o leite no local de trabalho.

"Muitas vezes temos de perguntar à mãe quando é que vai trabalhar pois sabemos que esse é o primeiro limitador", afirma, explicando que, por vezes, se a mãe tiver alguma insegurança em relação ao seu leite os fatores psicológicos podem influenciar e fazer com que a mulher fique sem leite.

Israel Macedo aponta ainda a instabilidade laboral -- recibos verdes e trabalho precário -- leva a que muitas mulheres sofram penalizações se amamentarem os seus bebés ou faltarem para amamentar, o que é "um sinal de subdesenvolvimento".

O pediatra diz que o único banco de leite do país é "um amortecedor para casos de prematuridade", pois muitas vezes o leite da mãe não é suficiente para as necessidades do bebé e nutricionalmente, como provém de mulher que foi mãe prematuramente, é mais pobre do que o leite de uma mãe de tempo completo.

"Já aprendemos a usar melhor o leite da dadora. Com investigação percebemos que o leite das dadoras, como são mães de bebés com tempo completo, tem quantidade de nutrientes diferente das mães de prematuros. É preciso suplementar leite das mães prematuras com proteínas, fortificantes e gorduras para aproximar o mais possível", explica.

Israel Macedo diz que dos 160 a 180 prematuros por ano da Maternidade Alfredo da Costa (MAC), "não há nenhum prematuro que não receba nalguma altura um bocadinho de leite de dadora".

O Banco de Leite Humano da MAC, que este ano celebra 10 anos, conta com cerca de 25 dadoras, que fornecem leite materno que é analisado, pasteurizado e congelado para poder ser usado em bebés não só nascidos na Alfredo da Costa, mas de outros hospitais da Região de Lisboa.

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