Bruno de Carvalho falou aos jornalista à saída do Tribunal de Monsanto, esta segunda-feira, no final da primeira sessão do julgamento da invasão à Academia do Sporting, em Alcochete, a 15 de maio de 2018. Garantiu o ex-presidente do Sporting que irá prestar declarações a determinada altura: "De certeza absoluta que vou falar neste julgamento".
Nas palavras do antigo dirigente leonino, este foi "um dia calmo". Bruno de Carvalho ficou dispensado, assim como outros arguidos, de marcar presença nas próximas sessões de julgamento.
Refira-se que 20 dos arguidos que estão indiciados no âmbito deste processo pediram dispensa, sendo que a juíza responsável só o poderia aceitar por questões profissionais, estudantis ou se o arguido residisse fora de Lisboa. No caso de Bruno de Carvalho, como o próprio garantiu, o pedido foi aceite por "motivos profissionais".
Já relativamente à estratégia que a defesa irá adotar, o ex-dirigente vincou que "gostava de provar que, a partir do momento em que foram avisadas, as pessoas teriam tido tempo de serem colocadas em segurança. Aí a responsabilidade não poder ser assacada ao antigo presidente da SAD".
Atirou ainda o ex-presidente do Sporting que, se tal não aconteceu, "se calhar a pessoa responsável por isso tem de responder".
Recorde-se que há 44 arguidos acusados no âmbito deste processo e que, em 1 de agosto, o juiz de instrução criminal Carlos Delca pronunciou (decidiu levar a julgamento) todos os arguidos nos exatos termos da acusação do Ministério Público (MP), deduzida pela procuradora Cândida Vilar, depois de vários arguidos terem requerido abertura de instrução, fase facultativa que visa decidir se o processo segue e em que moldes para julgamento.
Na decisão instrutória, este juiz determinou que todos os arguidos que se mantinham em prisão preventiva passassem para prisão domiciliária (OPHVE), exceto o líder da claque Juventude Leonina, 'Mustafá', que continua em prisão preventiva.
Com Obrigação de Permanência na Habitação, com Vigilância Eletrónica (OPHVE), permanecem 36 dos 44 arguidos, depois de Elton Camará ter cortado a pulseira eletrónica, o que levou um juiz a ordenar a prisão preventiva deste arguido.
Bruno de Carvalho, que até esse dia estava sujeito à medida de coação de apresentações diárias às autoridades e ao pagamento de uma caução de 70.000 euros, passou a estar obrigado a apresentar-se quinzenalmente.
A acusação do Ministério Público (MP), assinada pela procuradora Cândida Vilar, conta que, em 15 de maio de 2018, a equipa de futebol do Sporting foi atacada na academia do clube, em Alcochete, distrito de Setúbal, por elementos do grupo organizado de adeptos da claque Juventude Leonina e do subgrupo Casuais (Casuals), que agrediram técnicos, jogadores e 'staff'.
Bruno de Carvalho, Mustafá e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos, estão acusados, como autores morais, de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.