O produtor José Mário Branco morreu, esta terça-feira, avançou, num primeiro momento, a RTP3. A informação foi entretanto confirmada à agência Lusa o seu 'manager', Paulo Salgado.
Várias personalidades da música, do jornalismo e da política começaram já a reagir à notícia.
O fadista Camané, muito emocionado, disse à RTP3 que José Mário Branco foi "extremamente importante" no seu percurso musical e na sua carreira.
Com as lágrimas a embargarem-lhe a voz, Camané descreveu o compositor como um "artista fantástico de uma dimensão incrível muito para além de um artista de intervenção".
Enquanto produtor, referiu, José Mário Branco era "extraordinário, tinha bom gosto, respeito pela estética musical e uma sensibilidade única".
Também em declarações à RTP3, o jornalista Nuno Galopim descreveu o produtor como uma "figura muito importante" da música nacional, antes e depois do 25 de Abril.
"Era um grande escritor e cantor de canções, um grande produtor e teve uma obra que passou por muitos desafios", afirmou.
Uma carreira Revolucionária
Nascido no Porto, em maio de 1942, José Mário Branco é considerado um dos mais importantes autores e renovadores da música portuguesa, em particular no período da Revolução de Abril de 1974, cujo trabalho se estende também ao cinema, ao teatro e à ação cultural.
Foi fundador do Grupo de Ação Cultural (GAC), fez parte da companhia de teatro A Comuna, fundou o Teatro do Mundo, a União Portuguesa de Artistas e Variedades e colaborou na produção musical para outros artistas, nomeadamente Camané, Amélia Muge, Samuel e Nathalie.
Em 2018, José Mário Branco cumpriu meio século de carreira, tendo editado um duplo álbum com inéditos e raridades, gravados entre 1967 e 1999. A edição sucede à reedição, no ano anterior, de sete álbuns de originais e um ao vivo, de um período que vai de 1971 e 2004.