Fernando Mendes, ex-líder da claque Juventude Leonina, está, esta terça-feira, no Tribunal de Monsanto no âmbito no caso do ataque à Academia do Sporting, em Alcochete. Aos jornalistas presentes, referiu que está de "consciência tranquila" porque "quem não deve não teme" e que naquele dia estava no local para terminar uma conversa com Jorge Jesus, o então treinador da equipa.
"Na altura da minha liderança dizia que ia lá [à Academia] e as pessoas tomavam nota e confirmavam ao telefone a autorização. E não precisávamos de identificação nem de autorização à porta. Penso que o método [à época do ataque] seria a mesma situação", disse Fernando Mendes, citado pela TVI24.
O ex-líder referiu ainda que o treinador da equipa de futebol do Sporting sabia que ia que ele se ia deslocar a Alcochete: "Já tinha dito no aeroporto [da Madeira]. Quando houve aquela situação de falar com Jorge Jesus, eu disse: 'Então Mister, nós continuamos a conversa depois, falo consigo lá na nossa casa".
De lembrar que esta segunda-feira foi ouvido Ricardo Gonçalves, antigo coordenador de segurança da Academia, que afirmou que o ex-presidente do Sporting Bruno de Carvalho se reuniu com o staff um dia antes do ataque, perguntando "se estavam com ele, acontecesse o que acontecesse".
Durante a manhã, relatou ameaças de morte, agressões e injúrias a futebolistas do Sporting - alguns dos quais não mencionou na fase de inquérito -, acrescentando que Acuña e Battaglia foram os principais alvos dos adeptos, mas que o jogador Misic, o preparador físico Mário Monteiro, o treinador Jorge Jesus e que o fisioterapeuta Ludovico Marques, também foram agredidos.
O julgamento do processo do ataque à academia de futebol do Sporting começou no passado dia 18 no Tribunal de Monsanto, em Lisboa, com 44 arguidos, entre os quais o ex-presidente Bruno de Carvalho.
Bruno de Carvalho, Mustafá e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos, estão acusados, como autores morais, de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.
Os três arguidos respondem ainda por um crime de detenção de arma proibida agravado e Mustafá também por um crime de tráfico de estupefacientes.