Em comunicado, o centro da Universidade do Porto adianta hoje que o estudo, publicado na revista 'Frontiers in Ecology and the Environment', destaca a importância destas áreas que, devido à intensificação e ao abandono da agricultura, "têm vindo a sofrer um considerável declínio".
"Reverter esta tendência global de declínio terá de passar, inevitavelmente, por aumentar o reconhecimento público dos inúmeros bens e serviços públicos que estas paisagens fornecem à sociedade, bem como melhorar a compensação aos agricultores que continuam a manter estes sistemas de produção", defende o centro.
Segundo o CIBIO-InBIO, "mais de 30% da área agrícola" da União Europeia é considerada de elevado valor natural, assim como as paisagens de Satoayama no Japão, os sistemas de produção agrícola na região Western Ghats na Indía e os socalcos Hani no Sul da China.
O estudo, que envolveu 11 investigadores do CIBIO-InBIO e do Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais Mediterrânicas (ICAAM), além de salientar a importância destas áreas, avança também com orientações para promover a sua "sustentabilidade socioecológica".
"Os autores apresentam (...) um conjunto de orientações a serem implementadas para a manutenção destas paisagens, entre as quais se incluem a melhoria dos serviços públicos disponíveis às comunidades rurais, o desenho de novos usos para os bens produzidos ou o desenvolvimento e promoção de novas oportunidades de negócio associadas às explorações agrícolas de elevado valor natural", frisa o CIBIO-InBIO.
Citada no comunicado, Ângela Lomba, investigadora do CIBIO-InBIO e líder do grupo, salienta que estas áreas "constituem um património importante e podem apoiar a sociedade na resolução de desafios socioecológicos atuais e futuros'".
Contudo, a investigadora acredita que "é necessária uma mudança de paradigma social" para assegurar que estas áreas e os seus sistemas de produção "sejam socioeconómica e ecologicamente viáveis no futuro e, ao mesmo tempo, apelativos às gerações futuras".
Também o investigador Francisco Moreira, do CIBIO-InBIO, salienta que a valorização destas áreas "implica uma mudança nas estratégias atualmente estáticas e setoriais".
Para o investigador, estas estratégias devem ser baseadas em "apoios financeiros" aos agricultores, assim como "no fortalecimento da relação entre pessoas e natureza para promoção da sustentabilidade socioeconómica e socioecológica" destas áreas.