A escultura 'A Linha do Mar', inaugurada recentemente em Leça da Palmeira, foi vandalizada este domingo, dia 29. Nas vigas de ferro, foram escritas frases de indignação, como "vergonha" e "300 mil euros", uma referência ao valor que a Câmara de Matosinhos pagou pelo trabalho.
Luísa Salgueiro, presidente da Câmara, reagiu afirmando que "Matosinhos acordou com mais um ato de vandalismo", uma situação que, frisou, "infelizmente não é nenhuma novidade".
A autarca socialista recorda que em 2015, foi destruído o cruzeiro de Leça do Balio, uma obra com cinco séculos, que foi este ano reposta "E, nesse mesmo ano, a iluminação da escultura 'She Changes', mais conhecida por ‘Anémona', de Janet Echelman foi também alvo de vandalismo. Também o conjunto escultórico 'Dois Gémeos', a homenagem a Passos Manuel e José da Silva Passos, de Julião Sarmento, inaugurada em 2016, é sucessivamente grafitado", relembrou.
Desta vez, o delito aconteceu na instalação de Pedro Cabrita Reis. Trata-se de um autor cuja obra pode ser encontrada em todo o mundo, nomeadamente no TATE, em Londres, e agora também em Leça da Palmeira, integrando o roteiro de arte pública municipal, juntando o seu nome a outros como José Pedro Croft.
Referindo que "evidentemente que o investimento na cultura está longe de ser consensual" e que "é perfeitamente respeitável que as pessoas tenham a opinião de que esta não seja uma responsabilidade do Estado, privando o seu acesso à classe média e baixa", a autarca defende que existem outras formas de "evidenciar essa opinião". "Formas legais, democráticas e menos lesivas do nosso património comum", concretiza.
Para Luísa Salgueiro, a "política cultural é determinante para combater a intolerância". "É também por isso é que decisivo continuar a investir nesta área, como a Câmara Municipal de Matosinhos tem feito nas últimas três décadas. A diversidade de opiniões, a discussão de ideias antagónicas e a tolerância terão sempre lugar em Matosinhos", rematou.
Contactada pelo Notícias ao Minuto esta segunda-feira, a PSP confirma o ato de vandalismo e adianta que não foi feita queixa. A mesma fonte remete mais esclarecimentos para depois, sendo expectável que a autoridade tenha feito uma participação do sucedido.
Em declarações ao jornal Público, o artista Pedro Cabrita Reis atribuiu o incidente à extrema-direita. “Não é um vandalismo contra a minha escultura, é uma manifestação de extrema-direita”, afirmou.