"Um ano melhor é o meu voto amigo, e mais do que isso, o meu assumido compromisso. 2020 será um ano de começo de novo ciclo, no mundo, na Europa, e em Portugal. Um novo ciclo tem que ser de esperança, mais do que descrença ou desilusão", enfatizou o Presidente da República na mensagem de Ano Novo, diretamente do Corvo, a ilha mais pequena dos Açores.
Prosseguindo, afirmou: "No mundo, esperança quer dizer superação de guerras comerciais entre grandes potências, maior atenção ao apelo de António Guterres para as alterações climáticas, respeito pelos direitos humanos, procura de paz nos conflitos que agitam Ásia, América Latina e África, soluções conjuntas para emigrantes e refugiados, maior atenção à miséria, à fome, construção de pontes".
Na Europa, continuou, esperança significa "governantes eleitos em maio de 2019 que reforcem a unidade, que marquem uma posição com peso no mundo, que não hesitem no combate climático, que dêem uma resposta vital no acordo com os britânicos, que promovam o crescimento e o emprego, que saiam das suas torres de marfim para se aproximarem dos europeus".
E em Portugal? Em Portugal, esperança quer dizer "Governo forte, concretizador e dialogante, para corresponder à vontade popular, que escolheu continuar no mesmo caminho, mas sem maioria absoluta". Significa também "oposição forte e alternativa ao Governo". Marcelo sublinhou a "capacidade de entendimento entre partidos, quando o interesse nacional assim o exigem"; pediu uma "justiça respeitável, atempada e eficaz no combate à ilegalidade e à corrupção (...); Forças Armadas por todos tratadas como efectivo símbolo de identidade nacional e forças de segurança apoiadas para serem garantes da autoridade democrática".
Na mensagem de Ano Novo, o Chefe de Estado não deixou de fora a comunicação social, que deve ser "resistente à crise financeira que a vai corroendo". Esperança, para Portugal, é também "poder local penhor de maior coesão social, descentralizando com determinação e sensatez".
E para tudo o que referiu ser possível, é preciso "crescimento, emprego, preocupação climática duradouros" e "inovação na ciência e tecnologia, e na educação". Marcelo pediu também "mobilização cívica para, com esse crescimento, enfrentarmos chocantes manchas de pobreza, estrangulamento na saúde, carências na habitação, urgências para com cuidadores informais e sem-abrigo".
"Em suma, esperemos e trabalhemos. Repito, trabalhemos e não só esperemos. Para um ano 2020 melhor que o 2019. E porque nesse trabalho há, olhando à escassez de recursos, prioridades a determinar, centremo-nos em 2020 na Saúde, na Segurança, na coesão e inclusão, no conhecimento e no investimento, convertendo a esperança em realidade", frisou, deixando por fim uma mensagem aos açorianos que apelidou de "corajosos".
"Nós, os portugueses, nunca, mas nunca desistimos de Portugal", finalizou, cumprindo, momentos depois do discurso, a tradição do primeiro banho do ano.