Luis Giovani dos Santos Rodrigues, de 21 anos, foi espancado numa rua de Bragança, no dia 21 de dezembro, depois de uma saída à noite. Dez dias depois, quando a maioria das pessoas se despedia de 2019, o jovem cabo-verdiano sucumbia aos ferimentos, acabando por morrer sem chegar a 2020.
De acordo com o jornal luxemburguês Contacto, Giovani vivia há dois meses em Portugal, para onde veio estudar. No dia 21, decidiu sair à noite com três amigos. Tudo correu tranquilamente à hora da saída. Depois de um empurrão no espaço noturno, um grupo, alegadamente, já conhecido por dar problemas, fez uma espera aos cabo-verdianos e espancaram o mais velho destes.
Giovani terá pedido para pararem e, mesmo antes de acabar a frase, levado uma paulada na cabeça.
O grupo fugiu do local, Giovani ainda caminhou alguns metros para acabou por cair, já inconsciente. Foi transportado pelo INEM para o Hospital de Braga e, posteriormente, transferido para o Hospital de Santo António, no Porto, onde viria a morrer no dia 31 de dezembro.
Entretanto, a PSP identificou dois suspeitos, mas ninguém foi detido. A investigação continua, mas o caso está a gerar polémica. Nas redes sociais, muitas são as vozes que se levantam a pedir justiça e que apontam o dedo às autoridades, comunicação social e sociedade em geral por não haver uma “comoção nacional” com este caso de violência e homicídio.
José Soeiro do Bloco de Esquerda é um dos exemplos. “Um caso gravíssimo de agressão e homicídio, que do que aqui se pode ler [no jornal Contacto] é em tudo nojento, mas que não está nas primeiras páginas dos jornais nem nos destaques das televisões. Pergunto: se Giovani tivesse outra origem, não haveria já uma comoção nacional generalizada, comentadores empolados e uma onda mediática de choque e indignação?”, escreveu o deputado bloquista no Facebook.
Isabel Moreira também já se manifestou quanto ao caso. “Temos mesmo de saber tudo o que aconteceu . Não é normal que se tenha dado tão pouca relevância a esta história pavorosa. E claro que queremos saber das possíveis motivações racistas (quem não põe essa hipótese?)”, lê-se na publicação feita pela parlamentar socialista no Facebook.
Por sua vez, Edite Estrela, pede, através de uma pergunta, que se encontre os responsáveis pelo homicídio do jovem: “Quem lhe quis roubar o sorriso e o futuro?”
Recorde-se que este sábado, o embaixador de Cabo Verde em Portugal, Eurico Monteiro, pediu a clarificação "cabal" das circunstâncias da morte do estudante cabo-verdiano.