Segundo o relatório de Outono do OPCP, oito em cada 10 doentes adultos admitidos em cuidados paliativos em 2018 tinham cancro, valores que se invertem nas crianças e jovens já que quase 90% têm uma doença não oncológica, segundo um estudo divulgado hoje.
"Contrariamente ao preconizado e até aos dados internacionais, em que a maioria dos doentes com necessidades paliativas tem como base uma doença não oncológica", os dados deste estudo mostram que em Portugal 80,7% dos doentes adultos admitidos a estes cuidados têm como base uma doença oncológica", refere o documento.
A Ordem dos Psicólogos considerou, numa nota enviada à agência Lusa, que os números divulgados "são preocupantes" e instou "os decisores a encontrarem medidas que reforcem as equipas de profissionais nesta área tão importante para a sociedade".
"O tempo é um bem essencial para a intervenção psicológica que deve ser realizada. Sem ele, o resultado final das intervenções e sua efetividade pode estar em causa", alerta Francisco Miranda Rodrigues, bastonário da OPP, para quem é imperativo que os "decisores encontrem os meios para reforço das equipas de profissionais, para intervenções eficazes, baseadas na evidência, o que nas condições atuais muito dificilmente podem ser atingidas".
Para o bastonário, "todos os que já experienciaram, presenciaram ou vivenciaram o sofrimento de familiares ou amigos em situação de saúde que tenham tido necessidade de cuidados paliativos, sabem do pouquíssimo tempo que os profissionais de saúde, entre eles os psicólogos, ainda têm para o contacto com a pessoa doente ou seus familiares, fruto dos poucos recursos face às necessidades sociais existentes e apesar do progresso dos últimos anos".
Em causa estão as conclusões do relatório do Observatório Português dos Cuidados Paliativos, no qual se constata um apoio psicológico de 8.8 minutos por semana a cada doente internado, sublinha a ordem.
"A isto acresce o rácio de profissionais por doente: 0.7 psicólogos por cada 1.000 doentes admitidos; 0,2 por cada 1.000 doentes estimados; 1,7 por cada 106 habitantes", sublinha a estrutura.