"Pessoalmente manifesto a minha deceção com esta exortação. Sou a favor das reformas do papa, mas quanto a este ponto deixou-me na tristeza e na deceção", disse à agência Lusa Anselmo Borges, que tem obra publicada sobre o diálogo inter-religioso.
O Papa evitou referir-se a esta questão no documento final sobre o Sínodo na Amazónia, realizado em outubro de 2019.
"Provavelmente o Papa foi influenciado por aquele livro do cardeal Sarah que pedia ao papa que não aprovasse de modo nenhum a possibilidade de ordenação de homens casados", afirmou Anselmo Borges.
No documento com o título 'Querida Amazónia', Francisco não se refere às recomendações dos bispos para considerar a ordenação de homens e mulheres diáconos casados, tendo exortado os bispos a orarem por mais vocações sacerdotais e a enviarem missionários para a região, onde os fiéis que vivem em comunidades remotas podem passar meses ou até anos sem missa.
"Evidentemente que se abrisse essa possibilidade para a Amazónia, com o tempo, alastraria ao resto da igreja", observou o padre e professor universitário, confessando que "não esperava isso do Papa".
Na exortação era esperada uma decisão do pontífice argentino sobre a proposta aprovada durante a Assembleia dos Bispos de ordenação sacerdotal de diáconos casados, tendo em vista a celebração dominical da eucaristia nas regiões "mais remotas" da Amazónia.