A ministra da Saúde portuguesa esteve esta quinta-feira, em Bruxelas, na reunião com os vários ministros da União Europeia. À saída do encontro, a governante sublinhou que as mensagens principais da reunião são "coordenação, preparação, comunicação e proporcionalidade".
Em termos de medidas práticas concretas, Marta Temido destacou a possibilidade de poderem vir a ser aplicados "questionários de proveniência de identificação dos últimos contactos em viajantes provenientes de determinados espaços", uma medida que "está a ser equacionada" nas próximas horas ou dias.
Assim como a "aquisição conjunta de equipamentos de proteção individual", uma medida que pode ser "relevante para Portugal".
Quanto à possibilidade de realização de inquéritos a viajantes, ficou determinado que "cada Estado-membro [deve] ir avaliando a adequação de poder avançar para essa linha de intervenção".
A ministra afirmou também que aquilo que ressaltou do encontro, essencialmente, "foi uma preocupação muito significativa com a preparação face a uma evolução epidemiológica que não é ainda inteiramente conhecida e que requer que os vários países tomem medidas e preparem respostas para um eventual aumento" do surto.
Por outro lado, prosseguiu, foi salientada na reunião com os vários ministros "a necessidade de haver uma comunicação clara e transparente com os cidadãos, mas também de se tomarem medidas proporcionais e baseadas na evidência". Isto é, "de procurar sempre, face às várias alternativas que existem para a contenção do surto, utilizar medidas que sejam as estritamente adequadas aos objetivos que se pretendem atingir".
Por fim, Marta Temido revelou que foram abordados na reunião "aspetos relacionados com questões mais operacionais e logísticas", nomeadamente a referida coordenação ao nível da possibilidade de aquisições conjuntas de equipamentos de proteção individual, "ou a coordenação de esforços no sentido de nos prepararmos para eventuais problemas, ainda não registados nesta altura, mas que podem surgir nas cadeias de abastecimento", por exemplo de medicamentos. A este respeito, a ministra lembrou que "uma parte da indústria farmacêutica tem na sua cadeia de produção países de regiões mais afetadas".
A responsável pela pasta da Saúde destacou também a necessidade de se seguir as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e observou que os períodos de isolamento de pessoas repatriadas da China para a UE é de 14 dias, apesar de um estudo recente ter indicado que o período de incubação do novo coronavírus pode estender-se aos 24 dias.
"Tanto quanto é do nosso conhecimento, há um único estudo nesse sentido, cuja a análise merece melhor cuidado"Marta Temido informou ainda que no domingo passado, nos voos portugueses oriundos China, foi distribuída informação a bordo, com todo o tipo de materiais e informação detalhada sobre sintomas, contactos úteis.
Questionada sobre a morte de um homem que morreu nas urgências em Lamego, a ministra garantiu estar "a acompanhar o caso com atenção" e em articulação com a direção do hospital. E sublinhou que a abertura de inquérito por parte do ministério dependerá das conclusões das diligências preliminares do inquérito interno que já decorre. "Poderá acontecer", limitou-se a dizer aos jornalistas.