A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas garantiu, esta segunda-feira em conferência de imprensa, que o "nível de preocupação e nível de risco" do novo surto de coronavírus "aumentou", uma vez que "existem mais focos de doença fora da China" e principalmente, na Europa porque um país - Itália - "tem focos de doença" que se multiplicaram nas últimas horas.
Questionada sobre medidas de controlo a quem chega para o vírus não ser disseminado em Portugal, a responsável explicou que "em relação aos aeroportos, e enquanto não tivermos outras indicações da União Europeia e da Organização Mundial da Saúde", a "linha" é reforçar a informação a passageiros que cheguem ao nosso país.
"O controlo vai ser feito nos aeroportos com folhetos, cartazes e indicação genérica aos passageiros", sublinhou Graça Freitas.
"Temos que equacionar as medidas que tomamos em função do risco e da área de onde vêm e para onde vão os passageiros. À data, o reforço de medidas de aconselhamento e pedagógicas parecem-nos suficientes", frisou também.
Já sobre a eventual medições de temperatura a cidadãos que cheguem ao nosso país, a diretora-geral afirmou que, "neste momento, não há indicações para o fazermos". E este controlo, continuou, "permitiria detetar muitíssimo poucos casos".
"Estamos muito atentos ao que se passa em todos os focos da doença. Adequaremos as medidas àquilo que consideramos a proporcionalidade das medidas em relação ao risco", assegurou Graça Freitas. "Ainda não estamos a fazer esse rastreio [medição de temperatura] à entrada que, como digo, também não é uma medida muito eficaz", devido ao período de incubação do vírus ou ao facto de nem todos os infetados terem febres.
Doente no São João
Graça Freitas confirmou ainda a existência de um novo caso suspeito em Portugal: "Entrou há poucas horas, são feitas as colheitas de produtos biológicos e depois ainda são algumas horas até sabermos o resultado".
"A boa notícia", disse a diretora-geral, "é que o hospital de São João começou na noite passada a fazer os testes e já não perdemos o tempo que as amostras levavam a vir do Porto até ao Ricardo Jorge. O período é mais rápido mas não é instantâneo".
"Motivo de Preocupação"
"Qualquer caso fora da China é um motivo de preocupação. Quer dizer que o vírus saiu da China, chegou a um outro país e teve capacidade de nesse país passar de pessoa a pessoa e dar origem a um surto ou epidemia", frisou Graça Freitas.
A proximidade com Itália é também, em termos de probabilidade, um aumento de preocupação: "Obviamente estamos mais perto de Itália que dos outros países e, teoricamente, a probabilidade de contacto aumenta. Mas aumenta não tanto como virem pessoas da China ou de outra área afetada. Temos de estar mais atentos, os médicos têm de estar mais atentos ao diagnóstico".
Quanto a infraestruturas e condições "para fase da epidemia em que estamos", "consideramos que os hospitais são suficientes para a necesssidade de validar vários casos ao mesmo tempo". O mesmo se passa nas urgências e com o INEM, que reforçou a quantidade de ambulâncias.
"Temos de retardar ao máximo as cadeias de transmissão mas termos a noção que pode acontecer sobretudo numa doença que tem algumas incógnitas" e uma delas é "até que ponto é que pessoas assintomáticas podem estar a transmitir a doença e durante quanto tempo".
[Notícia atualizada às 18h34]