Filipe está perto do epicentro do vírus mas não pensa sair de Itália

Investigador português a residir na região de Lombardia diz que a situação se alterou bastante "de um dia para o outro", mas que ainda não vê sinais de grande alarme.

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Anabela Sousa Dantas
25/02/2020 08:38 ‧ 25/02/2020 por Anabela Sousa Dantas

País

Coronavírus

Filipe Batista vive e trabalha em Lombardia, no norte de Itália, a região onde se situa o epicentro do surto viral do Covid-19 naquele país e aquela que é a mais afetada por casos de infeção, até ao momento. O português, de 36 anos, refere, no entanto, que não planeia voltar a Portugal, até porque “não seria correto”.

Efetivamente, ocorreu-me. Será que não deveríamos levar a minha filha e depois regressava? Deixava a minha filha com os avós em Portugal e depois era só entre adultos. Mas depois acabámos por desistir, talvez não fosse ético, porque estamos nesta região... Penso que não estamos infetados, mas não seria correto ir para Portugal estando num epicentro. Vamos ficar por aqui”, disse Filipe, por telefone, ao Notícias ao Minuto.

O investigador científico trabalha na província de Varese, onde não há infetados, mas que se situa a cerca de 150 quilómetros da província de Lodi, ambas em Lombardia. Foi em Lodi, mais precisamente na localidade de Codogno, onde foi detetado o primeiro doente identificado com o novo coronavírus no país.

Filipe Batista referiu que sentiu uma mudança muito repentina de domingo para segunda-feira, depois de as autoridades italianas terem anunciado as medidas de contenção, como a proibição de eventos públicos ou o encerramento de escolas e museus. “As medidas foram anunciadas no domingo e na segunda-feira já estávamos a sentir na pele este impacto”, disse, acrescentando que “a medida com maior impacto na vida das pessoas foi o encerramento das escolas”. “Pelo menos na vida das pessoas que têm filhos, como é o meu caso. Desde os infantários até às universidades, está tudo fechado, por sete dias, extensível a 14”, disse.

Um outro sintoma do início de um estado de alerta é a corrida aos supermercados, como o próprio Filipe documentou no seu perfil de Twitter. Os meios italianos deram conta do encerramento de algumas superfícies comerciais, levando as pessoas a comprar para armazenar. “Isto, obviamente, foi uma reação espontânea das pessoas”, indicou, acrescentando, porém, que não sente pânico nas ruas.

“Há pessoas que de facto que estão assustadas”, disse. “As mais velhas estão mais temerosas, as mais novas estão também apreensivas. Alguns acham que é um exagero, mas há respeito generalizado porque ninguém tem certezas de nada”.

Os locais de trabalho, por outro lado, continuam a funcionar normalmente, ainda que com caráter excecional. “Os locais de trabalho não estão encerrados mas tem havido da parte dos empregadores a flexibilidade de poder trabalhar a partir de casa. Não só para evitar disseminação mas também porque há pais que não têm onde deixar os filhos, não têm alternativa”.

Filipe indicou que continua a ir trabalhar, mas de forma alternada com a mulher. "Segunda-feira trabalhei em casa, a minha mulher deslocou-se, depois vamos inverter os papéis", descreveu, para que alguém possa ficar em casa com a filha.

Sublinhe-se que foi decretado o isolamento de 11 municípios no norte de Itália, depois de o número de pessoas infetadas ter subido para mais de 200. Pelo menos sete pessoas já morreram, mas as autoridades italianas acreditam que não há risco de a epidemia se transformar em pandemia.

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