Afinal, ibuprofeno piora Covid-19 ou não? "Não há evidência", reforça EMA

A Organização Mundial de Saúde (OMS) desaconselhou o uso do medicamento. Por cá, Infarmed tem uma opinião distinta e a Agência Europeia do Medicamento (EMA) informa, esta quarta-feira, que concorda com o instituto português.

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Melissa Lopes
18/03/2020 14:27 ‧ 18/03/2020 por Melissa Lopes

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Covid-19

"Ciente das dúvidas que circulam nos órgãos de comunicação social e na opinião pública", a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) divulgou esta quarta-feira um comunicado de imprensa referindo que "presentemente não existe evidência científica que permita estabelecer uma relação entre a administração de ibuprofeno e o agravamento da infeção por Covid-19. 

Esta posição corrobora aquela que foi transmitida pela Direção-Geral de Saúde e pelo Infarmed. Afinal, no que é que ficamos?

De acordo com o Infarmed, em maio de 2019, o Comité de Avaliação do Risco em Farmacovigilância (PRAC) iniciou uma revisão sobre os anti-inflamatórios não esteroides como o ibuprofeno e o cetoprofeno na sequência de uma pesquisa da Agência Francesa de Medicamentos e Produtos de Saúde (ANSM) que sugeria que algumas infeções bacterianas ou a infeção por varicela zoster (varicela) poderão ser "exacerbadas" por estes anti-inflamatórios. 

A análise em curso de toda a informação disponível, explica o instituto, "visa verificar se é necessária alguma medida adicional". No entanto,  a EMA refere que o 'Resumo das Características do Medicamento' e o 'Folheto Informativo' destes medicamentos "incluem já advertências de que os seus efeitos anti-inflamatórios podem mascarar os sintomas de um agravamento da infeção". 

E no caso de infeção por Covid-19?

O Infarmed refere que a EMA salienta que, ao iniciar o tratamento sintomático da febre na Covid-19, os doentes e os profissionais de saúde deverão considerar todas as opções de tratamento disponíveis, incluindo o paracetamol e os anti-inflamatórios não esteroides.

Os benefícios e os riscos de cada medicamento, de resto, estão refletidos na informação incluída no 'Resumo das Características do Medicamento' e 'Folheto Informativo', e "deverão ser tidos em consideração juntamente com as orientações terapêuticas nacionais, a maioria das quais recomenda que o paracetamol deve ser a primeira opção no tratamento da febre ou da dor". 

Nesta circunstância, reafirma o Infarmed, "os doentes e os profissionais de saúde podem continuar a utilizar os anti-inflamatórios não esteroides (como o ibuprofeno)", de acordo com as suas indicações terapêuticas aprovadas, "tendo em atenção que as recomendações atuais referem que estes medicamentos devem ser usados na menor dose eficaz, durante o mais curto período de tempo possível"

Em caso de dúvida - e como sempre - , "os doentes deverão dirigir-se ao seu médico ou farmacêutico para eventuais esclarecimentos complementares", pode ler-se. 

Tanto a EMA como o Infarmed argumentam que não existe, neste momento, motivo para que os doentes que estejam a tomar ibuprofeno interrompam o seu tratamento."Este aspeto é particularmente importante para os doentes que tomam ibuprofeno, ou outros anti-inflamatórios não esteroides, no contexto de doenças crónicas", frisam os responsáveis.

Adicionalmente à revisão de segurança do ibuprofeno e cetoprofeno atualmente em curso (...),  a agência europeia sugere, ainda assim, "a necessidade de realização de estudos epidemiológicos, de forma a fornecer evidências adequadas sobre qualquer efeito na Covid-19". 

Nesse sentido, a EMA faz saber que está a contactar a indústria farmacêutica, a academia e as redes europeias de farmacoepidemiologia para apoiarem a realização desses estudos, que poderão ser úteis para futuras recomendações relativas ao tratamento com estes medicamentos.

Por fim, o Infarmed salienta que "os doentes devem respeitar as indicações dos seus médicos e farmacêuticos no uso responsável dos medicamentos prescritos", assegurando este instituto, em articulação com a rede europeia do medicamento, continuar a acompanhar e a divulgar qualquer nova informação sobre o assunto. 

A Organização Mundial de Saúde (OMS) pediu esta terça-feira que as pessoas que apresentem sintomas semelhantes aos associados à Covid-19, como febre ou tosse seca, não tomem ibuprofeno sem prescrição médica. Uma posição transmitida depois de, no fim de semana, o ministro da Saúde francês, Olivier Véran, ter desaconselhado numa publicação nas redes sociais o uso de medicamentos anti-inflamatórios, como o Brufen, afirmando que poderiam agravar a infeção dos doentes.

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