Em nota hoje enviada à imprensa, a autarquia do distrito de Viana do Castelo anuncia ter comunicado "aos cerca de 350 trabalhadores que o pagamento dos seus vencimentos seria antecipado para sexta-feira de modo a que todos pudessem ter os meios para adquirir alimentos ou outros bens essenciais à entrada do período de confinamento da população decidido pelo Presidente da República e pelo Governo de Portugal".
A Câmara de Caminha determinou ainda "dispensar, sem perda de vencimento, todos os trabalhadores que não estejam ligados ao cumprimento de serviços essenciais, mantendo-se o contacto para qualquer situação urgente ou inadiável".
"Fecha o único canal de atendimento presencial que existia à data e reforça-se o atendimento telefónico ou por endereço eletrónico", especifica a nota, reforçando que a câmara decidiu "encerrar todas as esplanadas de todos os estabelecimentos do concelho, proibir o acesso a parques infantis e parques desportivos da sua gestão, proibir o uso de fontes, tanques e bebedouros e suspender todas as obras municipais em curso".
O município refere, neste caso, a obra de requalificação da Sandia e Vista Alegre, em Vila Praia de Âncora, a construção da nova escola básica e secundária de Caminha, a empreitada de saneamento básico em Vilar de Mouros e a construção da sede do grupo etnográfico de Vila Praia de Âncora.
A autarquia presidida pelo socialista Miguel Alves acrescenta que "continuará a prestar o serviço de apoio alimentar a famílias carenciadas, bem como a agilizar a rede de apoio complementar que permite levar mercearia e medicamentos a pessoas em situação de isolamento".
Atualmente, a câmara está a "apoiar 58 famílias e tem já novos pedidos da rede complementar".
As medidas "aplicam-se imediatamente e estarão em vigor, pelo menos, até ao dia 02 de abril (inclusive), data do final do estado de emergência decretado na quarta-feira", acrescenta.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 235 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 9.800 morreram.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se já por 177 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde elevou hoje o número de casos confirmados de infeção para 785, mais 143 do que na quarta-feira.
O número de mortos no país subiu para quatro, com anúncio da morte de uma octogenária em Ovar, feito pelo presidente da câmara local, horas depois de a DGS ter confirmado a existência de três vítimas mortais até às 24:00 de quarta-feira em Portugal.
Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de hoje, depois de a Assembleia da República ter aprovado na quarta-feira o decreto que lhe foi submetido pelo Presidente da República, com o objetivo de combater a pandemia de Covid-19.
Hoje, o Conselho de Ministros aprovou as medidas que concretizam o estado de emergência, como o "isolamento obrigatório" para doentes com Covid-19 ou que estejam sob vigilância ativa, sob o risco de "crime de desobediência", a generalização do teletrabalho" para todos os funcionários públicos que o possam fazer, o fecho das Lojas do Cidadão, bem como dos estabelecimentos com atendimento público, com exceção para, entre outros, as mercearias e supermercados, postos de abastecimento de combustível, farmácias e padarias.