Ovar quer mais 6 médicos e 20 enfermeiros para internar infetados

A direção do Hospital de Ovar, município em estado de calamidade pública sob cerco sanitário com controlo de fronteiras, anunciou hoje que vai contratar mais seis médicos e 20 enfermeiros para poder passar a internar doentes com covid-19.

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Lusa
23/03/2020 09:43 ‧ 23/03/2020 por Lusa

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Covid-19

 

Em declarações à Lusa, o presidente do conselho diretivo dessa unidade do distrito de Aveiro explica que o hospital continua com a sua atividade normal, nomeadamente ao nível do internamento de utentes com outras patologias e do acompanhamento de doentes crónicos, mas revela estar a reorganizar a unidade para que essa passe a acolher também os casos de infeção pelo novo coronavírus que não exijam cuidados intensivos.

"Estamos a reorganizar-nos para responder ao que é necessário e a minha esperança é que já possamos receber esses infetados ainda esta semana", diz Luís Miguel Ferreira.

O objetivo é disponibilizar mais 21 camas para doentes com covid-19 em situação algo estável e adaptar o bloco operatório a espaço de emergência na eventualidade de um agravamento súbito de sintomas, beneficiando assim da pressão negativa dessa área específica, onde o sistema de ventilação renova o ar o tempo inteiro e mantém a pressão atmosférica abaixo dos níveis do restante edifício, impedindo a saída de ar contaminado e a dispersão do vírus.

"Admitindo que um doente possa piorar de repente, assim podemos encaminhá-lo imediatamente para essa zona, onde ficará sob pressão negativa até que o INEM chegue e o transfira para um hospital de referência", explica o diretor do hospital.

Para corresponder a essa nova valência, Luís Miguel Ferreira está já em processo de recrutamento de "cinco ou seis médicos e 20 enfermeiros", que deverão ser contratados com recurso a "listas de profissionais reformados que se disponibilizaram para regressar ao trabalho, quadros dos hospitais privados que neste momento estão com a atividade muito reduzida e prestadores de serviço".

Luís Miguel Ferreira admite que o Hospital Francisco Zagalo tem o seu próprio orçamento, mas realça que, nesta fase, a sua prioridade não é saber se esses fundos serão suficientes para remunerar os novos contratados.

"A preocupação agora - e é bom que as pessoas percebam isto, para se fecharem em casa - é salvar vidas. Depois, além do nosso orçamento, o Governo está a criar medidas específicas para ajudar os hospitais nesta gestão e a própria ministra da saúde já nos deu o seu total apoio para o que for preciso", afirma.

Entretanto, no exterior do hospital uma equipa específica vem realizando a suspeitos indicados pela autoridade local de saúde 25 testes de diagnóstico de covid-19 por dia, capacidade que o diretor da unidade espera "aumentar para 40 ou 25 ainda hoje".

O hospital também está a trabalhar em coordenação com o Centro de Saúde de Ovar, onde hoje começa a funcionar uma "Consulta Covid", e com a Pousada da Juventude, que passa a receber os infetados que não disponham das devidas condições de isolamento nas suas residências.

Quanto ao internamento por outras patologias, que já antes do surto do novo coronavírus era uma das valências do hospital, Luís Miguel Ferreira revela que a capacidade instalada atual é de 36 camas e que a principal dificuldade tem sido manter o ânimo dos utentes, impedidos de receber visitas desde o início da pandemia.

"Nem toda a gente percebe que o fim das visitas é uma medida de contenção necessária, para bem de todos, mas procuramos dar feedback diário às famílias do que se está a passar com os seus doentes, recorrendo à tecnologia para os manter em contacto uns com os outros", refere.

Para ajudar na missão geral do Hospital Francisco Zagalo, o Rotary Club de Ovar tem a decorrer uma campanha de angariação de fundos destinada à aquisição de material médico para essa unidade e apela a donativos através da conta bancária com o número PT50.0045.3220.4014.2654.5267.1.

Fonte da instituição diz que a finalidade é comprar 2.000 máscaras e 60.000 unidades de botas impermeáveis, o que terá "um custo superior a 10.000 euros", e realça: "As infeções nosocomiais e cruzadas são o grande problema hospitalar. Por isso, a necessidade de reduzir o contágio de Covid-19 e o agravamento do estado de saúde por essas infeções parece-nos muito importante".

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, foi detetado em dezembro na China e já infetou mais de 308.000 pessoas em todo o mundo, das quais mais de 13.400 morreram.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde indicou hoje que o surto de Covid-19 já provocou 14 mortes e 1.600 infetados.

Dada a evolução da pandemia, na terça-feira o Governo declarou o estado de calamidade pública no concelho de Ovar, que domingo registava 76 doentes com covid-19 entre os seus cerca de 55.400 habitantes.

Desde as 00h00 de quinta, todo o país se encontra em estado de emergência, o que vigorará até às 23h59 do dia 2 de abril.

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