EUA? "O mundo, como o conhecemos, deixa de existir, é um impacto brutal"

A cientista Maria Manuel Mota afirma que vê como um "impacto brutal" a atual situação dos EUA, algo que nunca previu, e brinca dizendo que se calhar o melhor é "pôr a América em 'lockdown'" até ficar curada.

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© Paulo Alexandrino

Lusa
20/04/2025 06:31 ‧ ontem por Lusa

País

Guerra comercial

A investigadora vai presidir o 34.º congresso da APDC, que este ano decorre entre 01 e 02 de julho sob o mote "Science & Business: Working Together", a ciência e o negócio a trabalharem em colaboração.

 

Questionada como vê a atual situação dos EUA, não só em termos geopolíticos, como também nas políticas antidiscriminatórias e posições relativas à vacinação, a investigadora afirma que "é um impacto brutal".

No início deste mês, uma segunda criança que não estava vacinada contra o sarampo morreu nos EUA.

"O mundo, como o conhecemos, deixa de existir, esperemos que seja por um período de curto tempo, mas é um impacto brutal", sublinha a presidente executiva (CEO) do Gulbenkian Institute for Molecular Medicine (GIMM).

"Temos que pensar que não foi de um dia para o outro que isto foi acontecendo, mas claro que o impacto desta natureza em tão poucos meses, com a entrada de um novo presidente, num país que tem um poder enorme sobre o mundo e de influência", tem impacto.

Até porque "vivi em Nova Iorque durante uns anos e nunca previ que os EUA pudessem chegar a este ponto, esperemos que dure pouco tempo, que haja uma contraproposta, uma contrarrevolta e que simplesmente não se enverede por estes caminhos", prosssegue a investigadora.

Mas "acho que isto não é só a América, estamos num mundo todos um pouco assim", lamenta Maria Manuel Mota.

Se outrora era "muito natural" que num grupo de amigos, em que uns votam direita e outros esquerda, debater vários temas entre todos e até gozar com quem está no poder, o que "faz parte de um exercício [...] saudável", tal já não acontece, aponta.

"Neste momento, e não é de agora, esse exercício deixou de ser saudável. Se alguém não está connosco, é nosso inimigo, isso é algo que é, obviamente, um clima pré-guerra e nós temos que escolher o que queremos ou o que não queremos", enquadra a cientista e CEO do GIMM.

A investigadora defende mais conhecimento para que as decisões sejam racionais.

"Se nós tivermos uma sociedade que tem mais conhecimento, que entende melhor o mundo, as decisões podem ser mais racionais, especialmente se nós compreendermos os métodos que a ciência usa para encontrar respostas, que são métodos racionais", considera.

"Acho que podemos encontrar sempre formas de discutir de forma saudável e não de discutir de forma pouco saudável e em clima pré-guerra", insiste.

Embora não tenha uma bola de cristal para resolver a questão, diz a sorrir que o melhor é "pôr a América em 'lockdown' até estar curada".

Agora, "não podemos permitir contágio", pensar que o mundo todo vai ficar assim, adverte.

"Não acho, esperemos que não, e temos que lutar para que isso não seja a realidade", conclui.

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