Distância na rua e o toque são preocupações para os cegos
A distância das pessoas que estão na rua e a necessidade de tocar nos objetos para se orientarem são alguns dos problemas que preocupam os cegos na atual situação de pandemia de covid-19, segundo a ACAPO.
© Reuters
País Covid-19
Em declarações à agência Lusa, o presidente da ACAPO - Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal, Tomé Coelho, contou, a propósito dos efeitos da pandemia da covid-19, que os cegos estão a tentar adaptar-se à nova vivência, sendo que as pessoas com deficiência visual pela sua especificidade têm de ter mais cuidados, que nem sempre conseguem controlar.
"O isolamento social é difícil para pessoas que não veem porque se tivermos que sair em situações de emergência não conseguimos controlar a distância das pessoas que estão à frente ou atrás de nós. É complicado. As pessoas cegas servem-se das mãos para tudo, para se orientarem, para tocar nas coisas para sabermos o que são", disse.
No entanto, quem precisar e o pedir pode receber em casa alimentos e medicamentos.
"Se alguém precisar temos um projeto-piloto. Os centros de apoio a pessoas cegas, onde os nossos assistentes estão disponíveis para irem fazer as compras que as pessoas necessitem. Temos tido alguns pedidos, mas não muitos porque recorrem a familiares e amigos", disse.
Tomé Coelho adiantou também que existem parcerias com as juntas de freguesia e câmaras municipais que ajudam também.
"Neste momento, a ACAPO não está a prestar apoio presencial, mas temos sempre as linhas de contacto direto e todos os nossos técnicos estão disponíveis para ajudar em qualquer pedido de solicitação que chegue e se não conseguirmos encaminharemos para as estruturas de suporte nas juntas de freguesia e câmaras municipais. Mas nunca ficam sem apoio", disse.
De acordo com a Direção Geral da Saúde, a "covid-19 transmite-se por contacto próximo com pessoas infetadas pelo vírus, ou superfícies e objetos contaminados".
Tomé Coelho adiantou também que a partir de hoje vai estar disponível para quem o desejar um leitor de écran que permite acesso à internet, aos meios informáticos, por 90 dias e de forma gratuita.
"Queremos contribuir para minimizar o isolamento das pessoas. Estabelecemos uma parceria com o representante do leitor de écran que permite acesso à internet, aos meios informáticos, para que fossem cedidas licenças gratuitas deste software do leitor de écran e outro de ampliação de carateres a partir de hoje, por 90 dias e sem qualquer custo", disse.
Questionado sobre se tem conhecimento de algum caso confirmado de covid-19, Tomé Coelho disse que até ao momento só foram reportados à ACAPO dois casos suspeitos de infeção, um dos quais entretanto já deu negativo o outro está a aguardar resultados.
"Quando nos contactam com qualquer suspeita nós encaminhamos para as autoridades de saúde", disse.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 50 mil.
Em Portugal registaram-se 246 mortes associadas à covid-19 e 9.886 casos de infeção confirmados, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde.
Portugal iniciou às 00:00 de hoje a renovação do estado de emergência devido à pandemia de covid-19 por mais 15 dias, até 17 de abril, abrangendo o período da Páscoa.
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