Promotores de manifestação negam instrumentalização política do movimento

Os promotores da manifestação "Não nos encostem à parede" recusaram hoje a instrumentalização política do movimento que quer um Portugal sem racismo nem discriminação.

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Lusa
11/01/2025 23:23 ‧ há 2 horas por Lusa

País

Racismo

Nos discursos que assinalaram o final da manifestação que juntou milhares a descer a avenida Almirante Reis, em Lisboa, os promotores destacaram o sucesso da iniciativa que representa os excluídos sociais.

 

A manifestação não foi apenas contra a ação policial de 19 de dezembro que visou imigrantes na rua do Benformoso, Martim Moniz, mas de todos os bairros periféricos de Lisboa, onde vivem os mais pobres.

"O Benformoso não é apenas um, somos todos", desde o Casal da Mira ao Casal de São Brás ou à Pedreira dos Húngaros, afirmou Vânia Puma, do Coletivo Mulheres Negras Escurecidas.

"Basta ir ao Casal da Mira" e o que se passou no Benformoso "acontece todos os dias", e "não podemos nem acudir um irmão" perante a violência policial.

"Não nos encostem à parede, porque fomos nós que construímos as paredes" de Portugal, afirmou Vânia Puma, recordando que "o aeroporto não funciona, o Colombo não funciona, nenhuma infraestrutura funciona sem os bairros" periféricos.

"As lojas são limpas por nós. São as pretas racializadas, pobres imigrantes, [somos nós] que limpamos Portugal e querem encostar-nos à parede?", questionou a ativista.

Por seu turno, Miguel Garcia, um dos organizadores, elogiou a presença de imigrantes e portugueses lado a lado na recusa do racismo e da violência policial.

"Estamos aqui a construir hoje uma nova Lisboa", em que o "amor, a solidariedade, o companheirismo e a união fazem a força", afirmou.

"Nós não nos vendemos ao populismo" e "não permitimos que Portugal seja racista", disse ainda, considerando que o dia de hoje assinala também o "início de uma luta em paz, uma luta ordeira" por um país melhor.

"A luta pela liberdade e pelos direitos humanos não pode nem vai ser instrumentalizada nem pela direita e nem pela esquerda", mas "todos juntos vamos cumprir Abril", acrescentou.

Flávio Almada, da Vida Justa, associação que representa os bairros periféricos de Lisboa, falou sobre a presença de muitos políticos na manifestação, de partidos de esquerda, e prometeu que "esta luta não vai ser instrumentalizada".

Quando estiveram no poder, "praticaram política ao serviço dos ricos que nos encostaram à parede" e "colocaram uns contra outros".

Por isso, "quando chegarem ao poder que se lembrem de nós, porque estaremos aqui para combatê-los", avisou Flávio Almada.

Já Farid Ahmed Patwary, do Bangladesh, acusou alguns políticos de fazerem campanha contra os imigrantes, o que contraria a história portuguesa na globalização.

"Querem fazer de nós os inimigos", mas "os imigrantes são trabalhadores" e "vieram em paz", disse o ativista, que discursou também em bangla às centenas de imigrantes do seu país que estavam presentes.

Já Anabela Rodrigues, da Solidariedade Imigrante, afirmou que "Portugal não pode ser racista" e todos "têm direito à sua dignidade".

No final das intervenções perante uma praça do Martim Moniz muito composta, foi a vez de participarem artistas convidados, como Nex Supremo, Lucas Argel e La Familia Gitana. 

Leia Também: Esquerda na manifestação contra racismo e divisão da sociedade

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