“A ilha sem contágios. Isolamento no lugar mais isolado da Europa”, é assim que se intitula a reportagem do jornal espanhol ABC sobre a ilha açoriana do Corvo, onde não há registo de nenhum infetado com Covid-19.
O jornalista Francisco Chacón começa por explicar que o Corvo é a “nona e mais remota ilha dos Açores”, localizada a dois mil quilómetros de Lisboa e com 400 habitantes que enfrentam (e até agora com sucesso), nas suas “casas de pedra”, a pandemia do novo coronavírus.
Nesta ilha, que o jornalista descreve como “um antigo vulcão, no meio de um limbo rural com aspeto extraterrestre”, mesmo sem casos positivos de Covid-19, os vizinhos pararam de se encontrar nos poucos bares da ilha e apenas abrem as cortinas “para não sucumbir à sensação de vazio, com ecos de notícias sobre as cidades fantasmas do continente ferido”.
“Agora que metade do mundo permanece sob um regime de isolamento, olhar para a ilha do Corvo significa refletir no espelho da solidão mais absoluta”, atira o jornalista.
Desde que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, decretou Estado de Emergência em Portugal, que as viagens de barco e avião de e para o Corvo servem exclusivamente para fornecer mercadorias, levar medicação ou efetuar transportes urgentes. Contudo, relembra o jornalista espanhol, essas viagens só acontecem se o tempo o permitir, porque “as frequentes tempestades” fazem parte da rotina do Corvo.
Um confinamento que os corvinos, do seu pedaço de terra com 17 quilómetros quadrados, conhecem desde sempre e que, relembra Francisco Chacón, só agora os restantes europeus começaram a descobrir o que significa.
Recorde-se que, até ao momento, foram detetados na Região Autónoma dos Açores um total de 67 casos positivos de Covid-19, espalhados por seis das nove ilhas. Apenas as ilhas do Corvo, Flores e Santa Maria não têm registo de nenhum caso de coronavírus.
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