Após ter sido conhecido que Rui Pinto foi colocado em prisão domiciliária, Miguel Sousa Tavares comentou, na TVI24, o caso e esta nova fase de colaboração do pirata informático com a Polícia Judiciária. "É uma página completamente diferente que se vira, naquilo que considero dos casos mais nebulosos da justiça portuguesa. Foi preciso esperar um ano inteiro - Rui Pinto teve de esperar um ano inteiro na prisão - para se chegar à única solução que, obviamente, era aquela que melhor servia a justiça, que era ter Rui Pinto como colaborador e não como prisioneiro", considerou.
O ex-jornalista disse acreditar que esta solução foi encontrada "não por iniciativa do juizes, nem do Ministério Público mas da PJ". "Por isso é que a PJ simultaneamente garantiu que Rui Pinto vai colaborar e, ao mesmo tempo, vai dar a Rui Pinto a necessária segurança 24 horas por dia".
Sousa Tavares afirmou ainda que se "tornou evidente" que o pirata informático "estava preso porque tem naquelas disquetes encriptadas, e que a PJ não conseguiu desencriptar, segredos que vão abalar muita gente". "Neste momento, há muita gente que não vai dormir tranquila nem sequer vai jantar tranquila com esta notícia", destacou.
Esta alteração, prosseguiu, "vem provar que ele não estava preso por tentativa de extorsão à Doyen" mas sim "exatamente para ver se desencriptava as disquetes". "A prisão preventiva de Rui Pinto foi ilegal porque o fundamento não era o verdadeiro", acrescentou.
Recorde-se que Rui Pinto, que estava em prisão preventiva desde 22 de março de 2019, foi colocado na quarta-feira em prisão domiciliária, mas em habitações disponibilizadas pela Polícia Judiciária (PJ) e sem acesso à internet, por decisão do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa.
O criador do Football Leaks e autor das revelações do Luanda Leaks, apresenta "agora um sentido crítico e uma disponibilidade para colaborar com a justiça", segundo o despacho judicial que determinou a alteração da medida de coação.
Em janeiro, o Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa decidiu levar a julgamento o advogado Aníbal Pinto (apenas pelo crime de tentativa de extorsão à Doyen), e Rui Pinto por 90 crimes de acesso ilegítimo, acesso indevido, violação de correspondência, sabotagem informática e tentativa de extorsão, mas deixou cair 57 dos 147 crimes pelos quais o arguido havia sido acusado pelo Ministério Público (MP).