Dando conta dos números do boletim desta terça-feira (mais 32 mortes face ao dia de ontem), o secretário de Estado da Saúde indicou na conferência de imprensa diária que a taxa de letalidade global é de 3,2% e que a taxa de letalidade acima dos 70 anos é de 11,4%. Quanto à percentagem de internamento, esta é de 7% dos infetados, sendo que 1,2% estão em unidades de cuidados intensivos e 5,8% em enfermaria.
O responsável indicou que Portugal realizou desde o dia 1 de março mais de 190 mil testes à Covid-19. Deste total, 52% foram realizados nos laboratórios públicos e nos privados 45% (os restantes ocorreram noutros estabelecimentos).
"Desde o dia 1 de abril, estamos a aproximar-nos de uma média de 10 mil testes por dia e temos hoje uma taxa de quase 18 mil testes por milhão de de habitantes, estando em linha ou até mesmo superando alguns países, como a Alemanha e a Áustria", disse o governante.
António Sales sublinhou que o aumento de testagem não se refletiu, porém, num aumento proporcional de testes positivos, "o que é, garantindamente, um bom indicador".
Quanto à Linha de Saúde 24, "continua a porta preferencial de entrada de suspeitos e infetados" com Covid-19 no Serviço Nacional de Saúde. "Os tempos de resposta", lembrou, "foram otimizados ao longo deste processo e hoje a linha atende cerca de 11 mil pessoas por dia". Apesar da diminuição da atividade assistencial não urgente devido à pandemia, referiu António Sales, o SNS "continua a dar resposta ao que tem obrigatoriamente de ser respondido".
E, continuou, "é preciso que as pessoas tenham confiança num SNS que soube retirar dos seus hospitais e centros de saúde o que não era urgente, zelando assim pela segurança e saúde de todos, mas também soube adaptar à sua resposta para Covid-19 e não Covid-19 com a criação de circuitos bem distintos".
Nesse sentido, o secretário de Estado deixou um apelo aos doentes crónicos, oncológicos, cardíacos ou outros, "que sintam algum tipo de descompensação do seu estado clínico". Estes "devem também recorrer ao seu médico assistente ou à Linha SNS24", disse, acrescentando que em caso de necessidade de ida à urgência, a orientação da DGS prevê a utilização de máscara para todas as pessoas no interior das instituições de saúde, garantindo a sua segurança. "Não tenham medo" de recorrer ao hospital, pediu.
"Estamos numa fase decisiva da nossa luta coletiva", destacou, em linha com aquilo que havia dito, durante a manhã, António Costa. "É uma altura em que as pessoas mais acusam o cansaço e exaustão do confinamento", considerou, lembrando inclusive as palavras do primeiro-ministro: "Este é o momento em que temos de ser mais resilientes".
Sobre a utilização de máscaras de utilização comunitária, António Sales referiu que o Infarmed publicou hoje as especificações técnicas para produção destes equipamentos pela indústria nacional e adiantou que "mais de 200 empresas já mostraram vontade de avançar" com a produção. "Algumas delas, estarão em condições de o fazer já esta semana", precisou.
Um apelo à vacinação para evitar outros surtos de outras doenças
Já a diretora-geral de Saúde, Graça Freitas, trouxe para a conferência o programa nacional de vacinação. "Todos sabem que este programa permitiu eliminar muitas doenças graves no nosso país e controlar outras", lembrou, alertando que é "absolutamente essencial" para evitar casos de doença ou surtos - "já temos uma epidemia, a última coisa que queremos é um surto por outra doença infecciosa" - que se cumpra o plano.
"Recomendamos vivamente a vacinação nas idades mais importantes", disse, chamando particularmente à atenção para a vacinação dos primeiros 12 meses de vida que confere proteção para 11 doenças. Aos 12 meses, assinalou, "administramos uma vacina contra uma forma de meningite que pode ser grave", sendo também importante uma outra contra o sarampo, papeira e rubéola. "Todos sabemos como o sarampo é uma doença traiçoeira e como há surtos noutros países da Europa e outros surtos surgiram já depois da Covid-19".
"Nenhuma criança, ou adulto, com a vacina do sarampo em atraso deve continuar a ter a vacina em atraso", alertou.
O segundo grupo referido por Graças Freitas é o das grávidas. As grávidas devem vacinar-se contra a tosse convulsa com o objetivo de proteger o seu bebé nos primeiros meses de vida e a vacinação não deve ser adiada para além das 28-32 semanas de gestação".
Também devem estar atentos os doentes crónicos que devem ser vacinados consoante o plano e de acordo com a sua patologia e idade.
"Não adie de forma alguma a vacinação", insistiu.
Doentes em UCI
Admitindo poder haver diariamente "alguns ajustes" nos reportes de informação, o secretário de Estado disse que o número de doentes em cuidados intensivos "tem oscilado". "Ainda ontem diminui, hoje subiu", sendo esta "uma realidade dinâmica". No dia de ontem, adiantou, "tínhamos registado uma taxa de ocupação de cerca de 61%, sendo que estavam libertas cerca de 39%".
"É sempre uma vitória do país sempre que conseguimos retirar um doente dos cuidados intesivos. É uma vitória de cada um de nós e do país (...) É perante o assumir de derrotas e vitórias diárias, e de esta capacidade de extensão que as UCI têm, que resultam estas variações de números", assinalou.
Máscaras sociais
Lembrando as várias orientações da DGS sobre a utilização das máscaras, o presidente do Infarmed disse que, com as especificações dadas às empresas, vamos ter um terceiro tipo de equipamento de proteção individual que, com o apoio da indústria nacional, nos diz exatamente qual o nível de proteção, quanto tempo pode ser utilizada e etc.
"Penso que muito em breve passaremos a aceder a este equipamento nos locais de compra", prevê, sublinhando acreditar ser "vantajoso" o uso de máscaras, combinado com outras medidas.
Sobre o uso das máscaras sociais, o secretário de Estado lembrou que estamos em Estado de Emergência, período que será reavaliado amanhã e nos próximos dias. "Nesta altura não é ainda a altura própria para nos pronunciarmos sobre um conjunto de medidas que vão ou não ser reavaliadas", afirmou.
"Ao Ministério da Saúde compete garantindamente, em função das decisões que serão tomadas, percorrer um percurso paulatino e responsável, o que não significa fazer qualquer concessão em termos de segurança", completou, quando questionado sobre em que altura se devem passar a usar as referidas máscaras comunitárias, uma informação que não está clarificada na norma publicada esta segunda-feira.