De acordo com Tiago Lopes, responsável máximo da Autoridade de Saúde Regional dos Açores, os dois reclusos tratam-se de dois reclusos, um homem e uma mulher, libertados recentemente do Estabelecimento Prisional de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, transportados entretanto para a ilha de São Miguel.
"Foi feito este rastreio aos reclusos que obtiveram a sua liberdade do estabelecimento prisional, onde se encontravam aprisionados, e obtivemos estes dois casos positivos, que tinham sido transportados da ilha Terceira para a ilha de São Miguel, e que, por via das dúvidas, antes da conclusão da análise laboratorial, tinham sido confinados em unidade hoteleira", avançou o responsável.
Tiago Lopes falava, em Angra do Heroísmo, no ponto de situação diário sobre a evolução do surto de covid-19 na região.
Segundo Tiago Lopes, a Autoridade de Saúde Regional pretendia testar todos os reclusos nos Açores a quem tinha sido determinada a libertação, com perdão, devido à pandemia de covid-19, mas tal não foi possível.
"Não houve grande espaço de manobra para que os testes fossem realizados, conforme nós pretendíamos, antes da sua libertação, mas, nesse sentido, as delegações de saúde foram contactadas e acompanharam também esta situação e identificaram os reclusos", revelou.
A origem da infeção ainda não está identificada, mas a delegação de saúde de Angra do Heroísmo está já a apurar em que condições ocorreu o confinamento destes reclusos e em que alas se encontravam, "para serem identificados os contactos próximos", que serão testados.
"Por excesso, iremos testar praticamente todos os reclusos e guardas prisionais, no sentido de fazermos uma avaliação mais aprofundada ao nível do Estabelecimento Prisional de Angra do Heroísmo", salientou o responsável da Autoridade de Saúde Regional.
Também serão testados os funcionários da unidade hoteleira onde os reclusos estavam em confinamento obrigatório e os contactos próximos que tenham tido durante a deslocação de avião da ilha Terceira para a ilha de São Miguel e do aeroporto para o hotel.
"Já foram durante o dia de hoje identificados para serem testados, para assegurarmos que não houve um possível contágio das pessoas que, apesar de cumprirem o distanciamento social, que recomendamos, possa ter existido alguma falha de segurança", revelou Tiago Lopes, acrescentando que à chegada a São Miguel os ex-reclusos foram transportados diretamente para a unidade hoteleira.
Questionado pelos jornalistas, o responsável da Autoridade de Saúde Regional confirmou que um dos ex-reclusos tentou fugir duas vezes do confinamento obrigatório, mas disse que "foi novamente capturado e conduzido à unidade hoteleira", por agentes da PSP que vigiam o espaço.
"A segurança é proporcionada, por um lado, por esse policiamento e, por outro, por todas as orientações e recomendações que já demos às unidades hoteleiras", afirmou.
Desde o início do surto foram confirmados 131 casos de covid-19 nos Açores, 109 dos quais ativos, tendo ocorrido 15 recuperações (seis na Terceira, quatro em São Miguel, quatro em São Jorge e uma no Pico) e sete mortes (em São Miguel).
A ilha de São Miguel é a que regista mais casos até ao momento (93), seguindo-se Terceira (11), Pico (10), São Jorge (sete), Faial (cinco) e Graciosa (cinco).
A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 165 mil mortos e infetou quase 2,5 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 537 mil doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 735 pessoas das 20.863 registadas como infetadas, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
Os dados da Autoridade de Saúde Regional dos Açores têm por vezes sido diferentes dos anunciados para a região pela DGS, mas a entidade açoriana realça que os números a registar são os seus.