"O grande desafio para 2020 é esta convivência que vai existindo entre o que é o efeito da pandemia de covid-19 e aquilo que são as operações que terão de ser desenroladas pelos operacionais. É esta linha vermelha que separa o que é operacionalidade e o combate aos incêndios, e o que é a segurança dos nossos operacionais", afirmou Carlos Guerra, na apresentação do plano.
O comandante salientou que é a primeira vez que há "um dispositivo cumulativamente com outro" (um para a covid-19 e outro dos fogos) e que é necessário "garantir a segurança física, acrescida agora da segurança sanitária".
"É um esforço redobrado que se vai exigir aos nossos operacionais, que terão a missão de combate aos incêndios e a missão de salvaguarda da sua própria integridade física através da questão sanitária".
O comandante referiu à agência Lusa que existem "planos de contingência já montados" e que vai haver contactos com os comandantes e com as autarquias para perceber como tudo se vai processar em termos logísticos, por exemplo, "na distribuição de alimentação ou quando for necessário deslocar forças".
"Pode ser um grande problema se for conhecido um caso positivo na equipa. Não só ficamos com menos uma equipa, como em termos psicológicos afeta as outras", confessou ainda Carlos Guerra, sublinhando, contudo, que os bombeiros "estão preparados", como têm estado durante estes meses de convívio com a pandemia covid-19 na ida às diversas ocorrências.
O comandante distrital garantiu que será obrigatório o "uso de máscaras, luvas e equipamento que cubra a totalidade do corpo", e insistiu que a covid-19 "vai ser o grande desafio deste ano", até porque "o combate já está rotinado".
O plano operacional para este ano é uma continuidade da estratégia utilizada no ano anterior. Carlos Guerra revelou que "não haverá alterações muito significativas", registando-se "apenas um ligeiro aumento".
O maior dispositivo está preparado para o período de 1 de julho e 30 setembro, integrando até 589 elementos, até 140 veículos dos vários agentes presentes no terreno e um helicóptero bombardeiro ligeiro (HEBL) e dois helicópteros bombardeiros médios (HEBM), que estarão nos centros de meios aéreos de Alcaria (Porto de Mós), Pombal e Figueiró dos Vinhos.
"Mantém-se a nossa estratégia como tem sido, colocando todo o potencial no ataque inicial, usando a triangulação com os corpos de bombeiros, sapadores florestais, GIPS [Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro] e meios aéreos.
Neste período, o dispositivo integra as forças de empenhamento permanente. A partir do dia 15 de maio até ao final do mês estão disponíveis até 465 elementos e até 111 veículos dos vários agentes presentes no terreno, assim como dois HEBM, que estão no Centro de Meios Aéreos de Alcaria (Porto de Mós) e Pombal.
De 01 a 30 junho, o dispositivo integra até 516 elementos e até 122 veículos dos vários agentes presentes no terreno e um HEBL e dois HEBM, meios idênticos para o período de 01 a 15 outubro.
O estado de emergência levou a que a limpeza das matas ficasse para trás, uma preocupação acrescida para a época de incêndios.
"A atual conjuntura não permitiu que em muitas das situações fossem feitas as limpezas de mata. Faço agora um apelo para que, perante este levantamento, se aproveite para avançar com as limpezas mais importantes e nos locais mais nevrálgicos", sublinhou Carlos Guerra.
Carlos Guerra anunciou ainda que a operacionalização do dispositivo tem três fases: "Vigilância, detenção e aviso precoce às forças de combate".
"Temos de ter uma monitorização permanente através das equipas da GNR, torres de vigia, rede de videovigilância e o cidadão anónimo. Quanto mais precoce for esta detenção dos incêndios rurais, melhor e mais potenciado e musculado poderá ser o ataque inicial", acrescentou.
Para apoiar os bombeiros, o comando distrital de Leiria conta com 10 câmaras de videovigilância e 17 postos de vigia.