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Proposta de proibição de festivais aprovada na generalidade

A proposta de lei do Governo relativa à proibição, até 30 de setembro, da realização de "festivais e espetáculos de natureza análoga", foi hoje aprovada na generalidade, no parlamento, seguindo agora para discussão na comissão de Cultura.

Proposta de proibição de festivais aprovada na generalidade
Notícias ao Minuto

20:23 - 14/05/20 por Lusa

Política Covid-19

A proposta, que define que os "festivais e espetáculos de natureza análoga", marcados até 30 de setembro, só serão permitidos com lugares marcados e regras de distanciamento, bem como as regras de reembolso, foi hoje aprovada na generalidade com os votos a favor do PS e do PAN. A deputada não inscrita Joacine Katar Moreira votou contra, fazendo depois uma declaração de voto, e os restantes partidos (PCP, BE, PEV, PSD, CDS-PP, Chega e Iniciativa Liberal) abstiveram-se.

O documento, apresentado pela ministra da Cultura, Graça Fonseca, "altera o regime anteriormente aprovado, que estabeleceu regras especiais para o reagendamento e cancelamento de eventos de natureza cultural e artística", no âmbito do estado de emergência.

Graça Fonseca destacou que esta proposta de lei introduz "a proibição de festivais e eventos análogos até 30 de setembro", estabelecendo "a possibilidade de realização de alguns eventos culturais, desde que cumpridas as regras", como as de distanciamento social e outras que a tutela está "a ultimar".

A proposta não define o que são "festival e espetáculos de natureza análoga" e essa questão foi levantada por alguns deputados, puxando a Festa do Avante, agendada para o início de setembro, para a discussão.

Lembrando que "a proposta não contém uma definição de festival", a deputada do PAN Cristina Rodrigues pediu a Graça Fonseca que esclarecesse se "haverá ou não lugar à festa do Avante".

Já a deputada do CDS-PP Ana Rita Bessa, considerando que, no documento, não pode haver "conceitos indefinidos ou mal definidos que possam vir a gerar discriminações", questionou: "O que são festivais? o que cabe nesta definição e o que cabe na definição de 'natureza análoga'?".

Pelo PSD, Paulo Rios de Oliveira também pediu à ministra da Cultura uma definição de festival e espetáculos de natureza análoga.

"Este diploma é tão indefinido e vago que parece propositado", disse, acrescentando que "existe um elefante nesta sala, que se chama Festa do Avante".

Para o deputado social-democrata, "se houver o rigor, coerência e equilíbrio que se exige aos governantes e autoridades de saúde, é impossível que esta festa possa ter lugar".

A proposta do Governo é aplicável ao reagendamento ou cancelamento de espetáculos não realizados entre os dias 28 de fevereiro de 2020 e 30 de setembro de 2020, e quem comprou bilhete para eventos dentro daquele período, só poderá pedir o reembolso a partir de 01 de janeiro de 2022.

Até lá, estabelece a proposta de lei, pode pedir a troca do bilhete por um vale "de igual valor ao preço pago", válido até 31 de dezembro de 2021, e esse vale pode ser utilizado na "aquisição de bilhetes de ingresso para o mesmo espetáculo a realizar em nova data ou para outros eventos realizados pelo mesmo promotor".

"Caso o vale não seja utilizado até ao dia 31 de dezembro de 2021, o portador tem direito ao reembolso do valor do mesmo, a solicitar no prazo de 14 dias úteis", lê-se no documento.

A questão do reembolso dos bilhetes, a que a ministra da Cultura se referiu como "regra da emissão de vales", foi abordada pelo PCP.

A deputada Ana Mesquita, referindo que a proposta de lei "apenas prevê restituição [do dinheiro ao consumidor] em 2022", partilhou uma "dúvida sobre o que ocorre com o dinheiro de quem comprou os bilhetes".

A deputada comunista questionou, "ficando o dinheiro do lado promotores, por que não há regras de utilização definidas?", querendo a garantia de que esta verba não poderá ser utilizada, por exemplo, "em distribuição de lucros".

Ainda em relação a este assunto, a deputada Joacine Katar Moreira apresentou uma proposta de alteração de alguns pontos ao projeto lei, aprovada hoje por unanimidade, nomeadamente a possibilidade de pessoas no desemprego em situação de 'lay off' poderem "solicitar o reembolso do valor do bilhete, não tendo que ser sujeitos a receber o vale referido no número anterior".

Esse reembolso, propôs, poderia "ser solicitado no prazo de 30 dias úteis da publicação da presente lei", e "os promotores dos espetáculos devem proceder ao reembolso no prazo de 30 dias úteis após a solicitação".

Na discussão de hoje, o Bloco de Esquerda optou por salientar a necessidade de proteção dos direitos dos trabalhadores da Cultura.

Para o partido, pela deputada Beatriz Gomes Dias, os cancelamentos de espetáculos "devem ser pagos a 100% do que seriam as despesas com trabalho, incluindo pagamento aos trabalhadores 'externos', independentes, assistentes de sala e trabalhadores dos serviços educativos".

"Os reagendamentos não podem ser pretexto para adiar metade dos pagamentos e, dessa forma, a própria capacidade das pessoas fazerem face às suas necessidades básicas. Deve haver um reforço orçamental para o setor, para respostas de emergência e continuidade das estruturas. Os apoios sociais desenhados pelo Ministério do Trabalho devem ter em conta a condição intermitente de muito do trabalho artístico, e não podem excluir, pelas suas regras fechadas, milhares de profissionais deste setor", afirmou.

Durante a apresentação da proposta de lei, a ministra da Cultura salientou que, "na perspetiva do Governo, é muito importante que se consiga criar condições para que este verão possa realizar-se alguma programação cultural no território".

"É muito importante para coesão territorial e para a confiança das pessoas que exista programação cultural, claro que em menor escala e em menor dimensão", afirmou.

A proposta de lei do Governo, e alterações propostas, será agora discutida e votada na comissão parlamentar de Cultura, voltando depois a plenário para votação final global.

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