A conferência de imprensa diária de atualização da informação relativa à infeção pelo novo coronavírus no país arrancou pouco depois de ter sido divulgado o boletim epidemiológico deste sábado, que deu conta de mais 13 mortes e 227 infetados nas últimas 24 horas e contou com a presença de Marta Temido, ministra da Saúde, e Graça Freitas, Diretora-Geral da Saúde.
Depois de apresentar os dados, a ministra referiu que a taxa de letalidade se situa nos 4,2% no país e nos 15,5% para as pessoas com mais de 70 anos. 80,3% dos casos confirmados continuam a poder ser acompanhadas no domicílio, 1,9% das pessoas estavam internadas no hospital e 0,4% em Unidades de Cuidados Intensivos.
"Estamos agora a chegar ao fim da décima primeira semana desde que foi registado o primeiro caso em Portugal e vamos avançar para mais uma etapa do nosso plano de desconfinamento", frisou Marta Temido, recordando que as medidas começaram a ser postas em prática a 4 de maio.
Como nos restantes países da Europa, "temos estado a seguir uma estratégia gradual, progressiva e de reabertura quinzenal. E todos os dias vamos avaliando as consequências das nossas decisões. Neste momento, os sinais que vemos mantêm-se encorajadores", revelou, sublinhando que, considerando os últimos cinco dias, "o número médio de novos casos notificados foi de 200" e "o número médio de óbitos de 12".
Quanto a testes, o número "tem continuado a crescer, tendo sido realizados mais de 15.800 testes, em média, ao longo dos últimos cinco dias”, referiu. "Quase todos os indicadores epidemiológicos de impacto nos serviços de saúde e de monitorização apresentam uma tendência decrescente ou, pelo menos, estável".
"Recordo, portanto, que deixámos os tempos em que a incidência atingiu o seu expoente máximo", destacou. Contudo, alertou, "não podemos ainda observar a totalidade dos efeitos das decisões que tomámos. É imprescindível manter a monitorização sistemática dos vários indicadores e continuaremos a fazê-lo".
"Acreditamos que temos que avançar. Os objetivos de confinamento foram genericamente cumpridos: desacelerar a transmissão da infeção e manter a capacidade do nosso sistema de saúde", considerou Marta Temido. Como as medidas "têm o seu ponto de saturação" e o "confinamento também tem efeitos adversos". "Desconfinar gradualmente é importante para continuar a proteger as pessoas".
Pandemia "não está a atingir de igual forma todos os portugueses"
A ministra fez ainda questão de frisar que a pandemia da Covid-19 "não está a atingir de igual forma todos os portugueses. Os de menores rendimentos e mais os velhos têm estado mais expostos". Neste sentido, salientou a "importância do regresso à possibilidade de visitas" em lares ou a pessoas que estão em unidades de cuidados continuados.
"Essas visitas poderão voltar a realizar-se a partir da próxima segunda-feira, mas é muito importante que se mantenha o cumprimento de um conjunto de regras simples mas indispensáveis. Todas as instituições terão um plano para operacionalizar as suas visitas e um profissional responsável por este processo", acrescentou.
"Não deixamos de incentivar e garantir os meios para que os utentes possam comunicar com os seus familiares e amigos por vídeo e por telefone", concluiu.
E testes?
"Nos últimos dias foram feitos mais testes", sendo que o dia 13 de maio foi aquele onde se executaram mais, com 17.534. Destes testes, "muitos foram realizados em creches e em estruturas residenciais para idosos e unidades de cuidados continuados".
Nas creches e nos lares, Marta Temido diz ter havido uma "intervenção muito focada nos rastreios, não só na testagem de pessoas com sintomas" e neste momento, "temos um conjunto de regiões que já terminaram completamente os testes".
"Há testes ainda a serem realizados este fim de semana, de forma a cumprir que esta avaliação é feita nos tempos com os quais nos comprometemos", afirmou a governante, fazendo menção à abertura prevista para a próxima segunda-feira.
"Palavra de tranquilidade aos pais"
Graça Freitas dirigiu, durante a conferência uma "palavra de tranquilidade aos pais, dentro do clima de cuidado e cautela, porque muitas vezes as crianças contraem a doença a partir de um adulto". As crianças infetadas tiveram "todas uma evolução positiva", incluindo "a única que foi reportada como tendo o síndrome semelhante à doença de Kawasaki".
Esta "teve uma situação clinicamente difícil mas foi muito bem tratada e recuperou, teve alta. E o Serviço Nacional de Saúde têm capacidade não só para internar como para tratar situações que existam e dar-lhes alta o mais precocemente possível", concluiu a Diretora-Geral da Saúde.
Pode rever aqui a conferência:
[Notícia atualizada às 13h53]