A conferência de imprensa diária de atualização da informação relativa à infeção pelo novo coronavírus (Covid-19) contou, esta quinta-feira, com as presenças habituais do secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, e da diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas.
Refira-se que o boletim epidemiológico de hoje dá conta de mais 13 mortos, 304 novos casos e 288 infetados nas últimas 24 horas.
O secretário de Estado da Saúde iniciou o briefing sublinhando que “praticamente metade de todos os portugueses infetados com Covid-19 estão recuperados”.
António Lacerda Sales anunciou ainda um aumento da capacidade de testagem nacional: “Mais de 45% dos testes de despiste da Covid-19 foram feitos em maio. Trata-se do mês em que foram feitos mais testes desde o início da pandemia em Portugal, 363 mil testes, e ainda falta contabilizar os dados de ontem”.
Além do aumento no número de testes, o governante informou também que chegaram mais ventiladores a Portugal, provenientes da China. Antes de passar a palavra aos jornalistas, Lacerda Sales quis deixar um recado sobre o estudo da Escola Nacional de Saúde Pública: “O confinamento salvou vidas, mas o trabalho ainda não está acabado”.
Bairro da Jamaica começa a ter recuperados
A diretora-geral Graça Freitas recusou, esta quinta-feira, a ideia de montar um cerco sanitário no Bairro da Jamaica, no Seixal, onde nos últimos dias surgiram vários casos de Covid-19.
"Genericamente” a situação em Lisboa e Vale do Tejo “mantém-se estável” e os números têm sido os que as autoridades de saúde já esperavam. Quanto ao Bairro da Jamaica, mais precisamente, Graça Freitas disse que a situação “é estável e começa até a ter recuperados". Contudo, admitiu que estão "a ser tomadas algumas medidas de carácter preventivo, como o encerramento de cafés" porque "se juntavam muitas pessoas nesses locais".
Já quanto à Azambuja, a responsável destacou que foram testados 833 trabalhadores da Sonae, dos quais 175 foram positivos. "São pessoas jovens, saudáveis, assintomáticos ou com sintomas muito ligeiros. Vão fazer a sua recuperação em casa", revelou, adiantando que há apenas um caso de um infetado jovem, mas com fatores de risco, que está internado.
A diretora-geral da Saúde confirmou ainda que, na Azambuja, para além da Sonae, foram encontrados mais sete casos em três outras empresas, mas assegurou que "em Lisboa e Vale do Tejo há um mapeamento local de todas as situações. É uma situação mista, com várias tipologias".
Para além do Bairro da Jamaica e da Azambuja, Graça Freitas informou os jornalistas que existem “alguns casos esporádicos” no Seixal, Odivelas, Loures e Queluz. "Se os puséssemos todos no mapa, os surtos maiores estão na zona suburbana, mais atingida, e depois há surtos mais pequenos que interessam mais a nível local", disse.
Foco em lar de idosos de Queluz
Assim sendo, há mais um foco da doença, desta vez num lar de Queluz, onde há seis funcionários e 32 utentes infetados. "Há uma intervenção em curso neste lar, quer por parte das entidades gestoras do lar, quer por parte das autoridades de saúde", anunciou a diretora-geral da Saúde.
Posteriormente, Graça Freitas acrescentou, “em nome da transparência”, que "dois utentes faleceram", sublinhado, contudo, que o lar "tem um plano de contingência e que este está a ser aplicado".
Autoridades da Saúde avaliam uso da hidroxicloroquina
Perante uma questão relacionada com o uso da hidroxicloroquina e as dúvidas levantadas por alguns estudos, Graça Freitas sublinhou que o Infarmed está a acompanhar a situação: "Estamos a avaliar em que estatuto vai ficar o nosso país. Estamos literalmente a fazer a esta hora essa avaliação", afirmou, garantindo que será emitida uma recomendação em breve.
Surtos na Grande Lisboa atingem sobretudo trabalhadores com "condições mais desfavorecidas"
Questionada sobre os surtos que têm surgido nos últimos dias na região de Lisboa e Vale do Tejo, a diretora-geral da Saúde começou por frisar que a situação é diferente da que se registou no Norte do país, no início da pandemia. “Refletem momentos diferentes da epidemia e realidades diferentes, o que tem de ser bem medido”, esclareceu.
“A zona Norte foi atingida mais precocemente e alguns dos casos importados deram origem a cadeias de transmissão”, com muitos “casos importados de Itália, com um determinado padrão sócio-cultural”, explicou. “Também o padrão inicial foi distinto do que agora existe no que diz respeito às idades afetadas: tivemos mais casos e mais casos em pessoas idosas, nomeadamente, acarretando consequências em internamentos e taxa de mortalidade”, especificou.
Na região de Lisboa e Vale do Tejo, são sobretudo casos “de pessoas jovens, infetadas em ambiente laboral” portanto “a taxa de mortalidade não é tão elevada”. O perfil dos infetados, salientou Graça Freitas, também é diferente. São, na sua maioria, pessoas com “condições sócio-económicas mais desfavorecidas, trabalhadores precários e populações migrantes”, o que acarretará “uma estratégia diferente” da que foi aplicada na região Norte, esclareceu Graça Freitas.
"Este Governo não tende a adiar nada, toma as decisões certas, nos momentos certos”
Ao ser confrontado com as declarações do deputado do PSD Ricardo Batista Leite, que à saída da reunião do Infarmed revelou que está a ser equacionado aplicar medidas de desconfinamento diferentes para a zona de Lisboa e Vale do Tejo, Lacerda Sales disse que não iria “comentar essas declarações” e remeteu esclarecimentos para o Conselho de Ministros desta sexta-feira. Contudo atirou: “Este Governo não tende a adiar nada, toma as decisões certas, nos momentos certos”.
Primeira vítima mortal na faixa entre os 30 aos 39 anos
Sobre a primeira morte de uma pessoa infetada com o novo coronavírus, em Portugal, na faixa entre os 30 e os 39 anos, Graça Freitas apenas disse que se tratada de uma mulher doente oncológica, "em fase terminal".
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