Marcelo Rebelo de Sousa disse esta quinta-feira que a presidente da Comissão Europeia "teve um momento de coragem" no que toca à proposta do fundo de recuperação de 750 mil milhões. "Pôs a bitola muito alta e espera-se que o Conselho Europeu esteja à altura dessa bitola", afirmou o chefe de Estado, à margem de uma visita ao 'Espaço Acolhimento Liberdade' nas instalações do 'Liberdade Futebol Clube', local onde estão a ser acolhidas pessoas em situação de Sem-Abrigo, no dia em que o Clube celebra o seu centenário.
Para Portugal, disse o Presidente, "é evidente que estes números são números que, sendo justos, são muito importantes para o futuro imediato e a médio prazo" do país.
"É evidente que, além do fundo de recuperação, há outros financiamentos europeus que chegarão primeiro, provavelmente em julho, e há outros financiamentos ao longos dos próximos sete anos", disse, salientando que "aquilo que se fala para Portugal é uma ajuda muito muito importante para o arranque da economia portuguesa depois dos custos sociais da pandemia".
Questionado sobre o modelo de lay-off, que o primeiro-ministro adiantou esta quarta-feira que vai "ter de evoluir", Marcelo defendeu que "não podemos separar" o plano apresentado pelo Governo, que ainda vai ser discutido e depois votado, do Orçamento suplementar. "E não podemos separar daquilo que vai ser a decisão Europeia", completou.
"No fundo, o que todos nós esperamos, depois do choque que foi para as economias de todo o mundo e para a economia portuguesa, é que a retoma seja o mais rápido possível, que avance com emprego e rendimentos, que permita a recuperação daqueles que foram mais sacrificados, e são sempre os mais pobres, e que tenha um horizonte que seja um horizonte para além do dia seguinte", declarou. Se assim for, acrescentou, "significa que podemos dar passos importantes para corrigir desigualdades que existiam, desigualdades que se agravaram e novos problemas que surgiram na sociedade".
Perante a insistência dos jornalistas, Marcelo respondeu que "nunca conta as conversas" que tem com o primeiro-ministro, não revelando qualquer detalhe sobre como será o novo modelo de layoff e quando entrará em prática. "Sabem a minha posição", apontou, relembrando ser defensor da continuidade da medida, se for financeiramente possível para o Governo. "Penso que o prolongamento do layoff, ainda que com alterações, é uma ajuda para evitar que muitos trabalhadores possam correr o risco de passar ao desemprego. Espero que isso possa acontecer", firmou, frisando que a decisão é do Governo e do Parlamento.
Sobre a possível intenção de o Governo não reabrir os centros comerciais no dia 1 de junho na zona de Lisboa devido aos novos surtos na região, Marcelo demarcou-se, justificando que as medidas que o Executivo vai aprovar na prorrogação do estado de calamidade são "da competência própria do Governo". "Tanto podem ser medidas nacionais como medidas com diferenciações regionais", especificou, declarando que "não cabe ao PR antecipar-se àquilo que o Governo vai amanhã apreciar em Conselho de Ministros".