No distrito de Vila Real, no Norte, a zona com mais casos confirmados da doença, não registaram um único caso de covid-19 três municípios: Mondim de Basto, Boticas e Mesão Frio não fazem fronteira entre si e estão rodeados por outros concelhos com vários casos confirmados.
No Centro, são pelo menos nove os municípios sem casos, distribuídos pelos distritos de Viseu (São João da Pesqueira e Tarouca), Coimbra (Pampilhosa da Serra), Guarda (Mêda) e Castelo Branco (Idanha-a-Nova, Proença-a-Nova, Belmonte, Oleiros e Vila Velha de Ródão).
O Alentejo interior tem no distrito de Portalegre (total de 15 concelhos) oito casos de municípios onde a covid-19 não chegou, apesar de a doença ter fustigado os concelhos vizinhos do lado espanhol e de as vidas de portugueses e espanhóis ali se entrecruzarem, como se fronteira não houvesse.
Em Évora (total de 14 concelhos), Alandroal, Arraiolos, Borba, Estremoz, Mora e Redondo escaparam para já a casos, enquanto em Beja (14 concelhos) estão sem qualquer caso de covid-19 Alvito, Barrancos, Ourique e Vidigueira.
Há um total de 64 municípios no continente que até esta quinta-feira não tinham entrado no boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) por terem dois ou menos casos de covid-19, nos quais se incluem estes 33.
Os dados da DGS cobrem, segundo o organismo, 91% do total, mas são muitas vezes ultrapassados pelos casos divulgados localmente pelas autarquias e entidades locais de proteção civil, com autarcas a afirmar que os dados da DGS ainda vão muito atrás da realidade.
Noutros casos, a DGS apresenta números que, segundo os autarcas, não correspondem a habitantes reais no concelho.
É o caso de Sardoal e de Constância, na região de saúde de Lisboa e Vale do Tejo (LVT), onde agora se situa o 'tsunami' dos novos casos da pandemia, mas onde o território é tão heterogéneo que vai da Península de Setúbal a Santarém, entre o rural, o industrial e o urbano.
As duas ocorrências atribuídas a Sardoal e as três atribuídas a Constância são de cidadãos que não residem nem têm ligação recente a estes concelhos, apesar de manterem estes municípios como morada oficial de residência, o critério da DGS ao atribuir geograficamente cada caso.
Esta situação também acontece pelo menos com Ponte de Sor, no distrito alentejano de Portalegre, e com Monchique, no Algarve, pelo que na região mais a sul do país este caso é somado aos de Aljezur, Alcoutim e Vila do Bispo, com registo oficial 'zero'.
Portugal contabiliza 1.369 mortos associados à covid-19 em 31.596 casos confirmados de infeção, segundo o mais recente boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia, divulgado na quinta-feira.
Desde o início do ano foram confirmados pela DGS 16.718 casos de covid-19 no Norte do país, correspondentes a 761 óbitos; 3.710 no Centro, com 237 óbitos; 10.320 em Lisboa e Vale do Tejo, com 340 óbitos; 257 no Alentejo, com um óbito; e 366 no Algarve, onde se verificaram 15 óbitos.
O Norte mantém o número mais elevado de casos, mas atualmente esta situação parece ter abrandado, deslocando-se o epicentro para a região de Lisboa, a que mais preocupa as autoridades neste momento.
Lisboa, com 2.290, é o concelho com mais infetados do país. Na região de saúde LVT, o número está a crescer entre os 200 e os 300 novos casos diários, com destaque recente para um foco na plataforma logística da Azambuja.
De acordo com um estudo desenvolvido pela COTEC e pela Universidade Nova de Lisboa, o pico da pandemia em LVT deverá ocorrer na terceira semana de junho, com casos concentrados sobretudo nos municípios de Alenquer, Amadora, Barreiro, Loures, Odivelas, Seixal, Sintra e Lisboa, mas os investigadores não encontraram relação entre os novos casos e o desconfinamento.
Portugal tem 308 concelhos, 278 dos quais no continente, 11 na Madeira e 19 nos Açores.
Os Açores e a Madeira têm realidades e entidades de saúde próprias. Na lista da DGS aparecem 10 municípios das regiões autónomas como tendo três ou mais casos de covid-19, quatro deles na Madeira e seis nos Açores.