De portas fechadas e a viver uma grave crise, o movimento das associações de emigrantes em França passa por dias difíceis, pois "tem de pagar as rendas e reembolsar as quotas das atividades não realizadas", afirmou o conselheiro das comunidades em Paris Paulo Marques.
"Não há festas, eventos, há uma real distanciação social e sobretudo associativa", referiu o também presidente da Associação dos Eleitos Portugueses, Luso-Franceses e Europeus em França e autarca de Aulnay-sous-Bois (UMP), Île de France.
Para Paulo Marques, esta crise poderá ter graves consequências na ligação entre os franceses de origem portuguesa e Portugal, pois na maioria dos casos são as associações de emigrantes que dinamizam e perpetuam a cultura portuguesa nos países onde estes lusodescendentes vivem.
E recordou que a comunidade portuguesa tem uma caraterística única na emigração, pois os mais novos continuam a querer conhecer o país dos seus pais e avôs, em parte estimulados pela sua cultura que as associações dão a conhecer.
"São poucos os descendentes em outros países que voltam às terras dos seus pais ou avós", disse.
E avisou: "Sem estas associações abertas, o movimento deixa de existir e os mais jovens de ter uma razão para ir a Portugal".
Esta é, na opinião deste conselheiro, uma razão válida para o Governo português ajudar estas associações, até porque "a ida dos emigrantes a Portugal, sobretudo no verão, representa cerca de 30% da economia do interior".
Sem as associações a funcionar, "as pessoas não se reencontram. Restam algumas iniciativas através de plataformas virtuais".
A comunidade portuguesa é a mais numerosa em França, totalizando 595.900 residentes nascidos em Portugal.