Depois de a DGS ter revelado o boletim epidemiológico desta sexta-feira - que dá conta de mais 10 mortos, 377 novos casos e 203 recuperados nas últimas 24 horas -, Graça Freitas e António Lacerda Sales atualizam a informação relativa à evolução da Covid-19 em Portugal na habitual conferência diária no Ministério da Saúde.
Felicitando a rede nacional de cuidados continuados integrados e os seus profissionais, que assinala hoje 14 aniversário, Lacerda Sales disse que há 13 unidades com casos positivos num universo de 372 e que há 26 doentes infetados, uma diminuição em relação aos últimos dias. Desde o dia 22 de abril que não se regista qualquer morte na rede nacional de cuidados continuados, o que é também "uma boa notícia".
Desde 9 de março foram encontradas 490 respostas sociais, permitindo assim libertar camas hospitalares.
No que toca aos rastreios nas empresas da Grande de Lisboa e da Azambuja, "o INEM já fez cerca de 13 mil e 500 colheitas", tendo feito ontem cerca de 5 mil". "Mantemos a estratégia de testar, identificar e isolar estes focos", sublinhou o governante.
Mobilidade temporário dos médicos para Algarve
Tendo em conta a abertura da época balnear, e com a ida de muitas famílias para o Algarve para gozarem férias, o Governo vai assinar um despacho "que autoriza a mobilidade temporária de médicos e enfermeiros para serviços e estabelecimentos de saúde situados na área de Administração Regional de Saúde do Algarve, de acordo com as necessidades", anunciou o secretário de Estado.
A decisão justifica-se pelo habitual aumento da população na região, a que se junta o aumento da necessidade de prestação de saúde nos postos de praia e a situação epidemiológica do país, o que "exige ainda a adoção de medidas excecionais de contenção". Assim, os profissionais de saúde poderão consultar as vagas no site da ARS e candidatar-se por email. "Com esta medida, queremos garantir a segurança e a saúde de todos em tempos de férias", sublinhou Lacerda Sales.
"Apelos muito importantes"
Por seu turno, Graça Freitas quis fazer dois apelos "muito importantes". O primeiro: "Todas as pessoas que sabem que estão positivas para Covid, tenham ou não tenham sintomas, e todas as pessoas que são os seus contactos próximos, têm indicação para ficar em isolamento", apontou, apelando a que mantenham esse isolamento durante 14 dias, após a data do início dos sintomas ou após a data em que testaram positivo. "Quem tem indicação para ficar isolado não deve sair de casa", nem para ir à casa do vizinho", insistiu Graça Freitas.
"O nosso país está à beira de controlar a situação epidémica, temos de fazer um esforço final para quem está positivo ou é contacto deste cumprir o isolamento para não contagiar amigos, conhecidos, colegas e familiares". Estas pessoas "não devem ir trabalhar, conviver, e os seus filhos não devem ir à escola em nenhuma circunstância", reforçou.
Respondendo aos jornalistas, Graça Freitas explicou que o apelo tem a ver com a percepção do risco que as pessoas têm desde o início da epidemia. "E essa perceção do risco que determina que tenhamos determinados comportamentos". Ou seja: "Se a pessoa não tiver muito a sensação que, não só corre riscos como pode pôr outros em risco, tenderá a sair e a juntar-se a outras pessoas". Nesta fase, "temos alguns estudos que indicam que a perceção do risco começa a ser menor, as pessoas estão mais aliviadas, mais descontraídas", realçou ainda.
Férias sim mas...
O segundo apelo da diretora-geral de saúde prende-se com a semana dos feriados e o início da época de férias dos portugueses. "Este ano vamos poder fazer férias, mas de forma diferente. Temos que manter o nosso distanciamento físico em relação a outras pessoas que não são aquelas com quem habitualmente convivemos", apelou.
Ou seja, "as pessoas que fazem parte do agregado familiar podem manter-se juntas". Já os amigos, os conhecidos e outros, deve ter-se em relação a estas medidas de distância física, explicou, dando ainda exemplos: Partilhar copos, pratos, talheres, toalhas (seja o que for) está igualmente fora de questão. "Serão férias e fins de semana diferentes, com outras regras", vincou Graça Freitas, acrescentando que podemos, na mesma, descontrair e sair do nosso sítio habitual. Mas, avisou, não podemos "descontrair demasiado" porque o "vírus ainda não desapareceu".
Doentes internados
Neste momento, temos uma taxa de ocupação de 62%, 350 camas ocupadas e 215 camas vagas, referiu Lacerda Sales, acrescentando que "só entre 16 a 20% é que é uma taxa de ocupação Covid-19" na generalidade do país.
Estando a preocupação centrada em Lisboa e Vale do Tejo, o que justifica a transferência de alguns pacientes entre unidades, o secretário de Estado afirmou que a rede de ventilação nos hospitais tem capacidade suficiente para fazer face às necessidades que vierem a surgir.
Normas da DGS são diferentes das normas internacionais no que toca aos testes?
Não é verdade, respondeu Graça Freitas, explicando que a norma em causa foi feita pelo Infarmed, pelo INSA e pela DGS. "Não pode haver aqui nenhuma incongruência porque fizemos a norma juntos".
Novos casos em Lisboa e Vale do Tejo são 89 % do total
Dos 377 novos casos identificados hoje no país, Lisboa e Vale do Tejo contribuiu com 336 casos, o que representa 89% do total. "A situação de LVL tem sido acompanhada com muita atenção porque, de facto, as outras regiões apresentam uma tendência decrescente acentuada e Lisboa apresenta uma tendência estável mas com números de incidência relativamente elevados", afirmou a responsável pela DGS, justificando a aposta em testar muitos milhares de pessoas na área de Lisboa.
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