"Temos, neste âmbito covid-19, mais 3.572 profissionais de saúde [dados atualizados ao dia 26 de junho] o que significa um reforço substancial. Irão colaborar na perspetiva de supletividade face ao gozo de férias. Estamos relativamente tranquilos, sabendo que pode haver períodos que por uma razão ou outra, nesta ou naquela instituição de acordo com este ou aquele surto, possa ter de haver uma reorganização e realocação de profissionais de saúde. Mas ao longo do país estamos relativamente tranquilos nesta matéria", disse António Lacerda Sales.
No dia 12 de maio foi anunciado que os profissionais de saúde podem voltar a gozar férias, já que o Governo decidiu revogar o despacho que restringia esse direito devido à pandemia de covid-19.
Mas, entretanto, tem vindo a ser noticiado que algumas regiões e hospitais estão a condicionar as férias de profissionais de saúde.
No domingo o Jornal de Notícias noticiou que as férias dos profissionais que prestam cuidados diretos de saúde do Agrupamento de Centros de Saúde do Alentejo Central estão suspensas até 10 de julho, numa tentativa de travar o surto de covid-19 em Reguengos de Monsaraz.
A informação foi dada pelo presidente da Administração Regional de Saúde do Alentejo (ARSA), José Robalo e, de acordo com a peça daquele jornal diário, em causa estão todos os profissionais que prestam cuidados diretos de saúde, no distrito de Évora.
Sem cometar diretamente nenhum caso ou região, António Lacerda Sales disse que esta questão "não é de hoje" e frisou que "há cerca de mês e meio estão a ser feitas as respetivas escalas para se poder prevenir situações de maior confluência de férias".
"Temos estado em permanente contacto com as administrações regionais de saúde e com os conselhos de administração dos hospitais e conselhos diretivos dos Agrupamentos de Centros de Saúde no sentido de prevermos essa situação", referiu.
Na conferência de imprensa trissemanal de balanço sobre o surto de covid-19 no país, ao lado da diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, e do coordenador do gabinete supressão da covid-19 em Lisboa e Vale do Tejo (LVT), Rui Portugal, o secretário de Estado da Saúde também foi questionado sobre o estado atual do combate à pandemia.
"Temos agido no terreno com a rapidez e a eficácia que é o que é importante neste momento (...). O que fizemos foi proteger o nosso serviço nacional de saúde através de um comportamento individual e coletivo responsável. Adotamos, no nosso quotidiano, formas diferentes de relação social", disse o governante.
António Lacerda Sales não respondeu diretamente à pergunta sobre o aumento de festas ilegais ou sobre a possibilidade de alguns apelos estarem a ser ignorados ou a carecer de maior comunicação e frisou que a tutela "nunca falou em milagre" e que "é evidente que Portugal ainda está muito vulnerável".
"Nunca falamos em milagre e como já disse nunca nos consideramos bestiais, como agora não nos consideramos o oposto (...). É evidente que ainda estamos vulneráveis ao risco como a grande maioria das partes do mundo. Isso será assim até que se estabeleça imunidade de gripo ou que haja uma vacina ou um tratamento para esta situação. Entendemos que o balanço certo estará na capacidade de encontrarmos um equilíbrio entre as medidas restritivas e o apoio à retoma social e económica", concluiu.
Outro dos temas falados na conferência de hoje prendeu-se com o setor da construção como área prioritária para a contenção da propagação do vírus.
"Não sei se está a ser preparado um gabinete próprio. Sei sim que estão a ser criadas medidas específicas relativamente à construção civil (...). Em função de casos positivos detetados no rastreio na região [de LVT], foram feitos encerramentos de estaleiros em série", disse Rui Portugal.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 501 mil mortos e infetou mais de 10,16 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.568 pessoas das 41.912 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.